Os confrontos entre Polícia e manifestantes depois da evacuação do simbólico parque Gezi de Istambul continuaram por toda a noite em mais de dez cidades da Turquia e a maioria terminou ao amanhecer, embora na capital ainda sejam registrados alguns choques.
Os manifestantes enfrentaram a Polícia turca em Istambul depois que os agentes antidistúrbios desalojaram de forma violenta os “indignados” da Praça Taksim e de Gezi.
Os acampados no parque símbolo dos protestos turcos fugiram do recinto perante a contundente intervenção policial, mas mais tarde alguns se reagruparam para levantar barricadas e acender fogueiras em ruas próximas.
O governador de Istambul, Hüseyin Avni Mutlu, avaliou em comunicado, emitido nesta madrugada de domingo (16), em 44 os feridos, nenhum com gravidade, na retirada e confrontos posteriores com os agentes.
Em breve, a notícia do desalojamento se estendeu por todo o país e se produziram protestos, panelaços e confrontos nas principais cidades, especialmente virulentas na capital, Ancara, onde dezenas de milhares de pessoas pediram a renúncia do Governo.
Os meios de imprensa turcos falam de uma das piores noites de violência desde que os protestos antigovernamentais começaram há mais de duas semanas no país.
Milhares de pessoas de diversos bairros de Istambul saíram durante a madrugada às ruas para tentar chegar à praça de Taksim, isolada pela Polícia.
Depois da meia-noite local, os choques com a Polícia começaram a se generalizar em vários distritos da cidade, e no bairro de Siraselviler, próximo a Taksim, barricadas eram erguidas.
Milhares de cidadãos da parte asiática de Istambul cruzaram com a luz do dia a ponte do Bósforo para se dirigir a Taksim, depois de a Polícia tê-los impedido durante longas horas.
A Polícia desdobrou uma grande operação ao redor de Taksim e mantém isolada a região sem permitir que ninguém se aproxime.
Unidades da gendarmaria turca, um corpo policial militarizado, começaram também a ser vistas em partes de Istambul, uma novidade em relação aos dias passados.
Os representantes do movimento de protesto de Taksim acusaram o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, de “achatar seu próprio povo para satisfazer suas ambições autoritárias”.
“Condenamos a violência contra as mulheres, as crianças e os idosos que estavam no parque”, denunciaram em comunicado.
Este grupo denunciou que a entrada policial deixou muitos feridos e detidos, e criticaram que o ataque não seja justificado porque aconteceu justamente quando quem ocupava o parque debatia se abandonava ou não o protesto.