Rodrigo Raineri
Créditos: Thiago Oliveira
Quem?!?! Alpinista a autor do livro “No Teto do Mundo”
EXPEDIÇÕES AO EVEREST
Emílio: Rodrigo, o que leva um cara a sair de Ibitinga e ir escalar o Everest?
Rodrigo Raineri: É difícil usar as palavras para falar das nossas sensações, mas a gente se sente abençoado quando está nas montanhas. Nós sentimos mais perto de Deus.
Emílio: Eu sei, mas o que eu não consigo entender…
Bola: É uma coisa que também não entra na minha cabeça. O sofrimento que o cara passa…
Emílio: Por exemplo, você já foi duas vezes para o Everest?
Rodrigo Raineri: Eu participei de quatro expedições e duas vezes eu cheguei ao cume.
Emílio: Só o cume interessa!
Rodrigo Raineri: Esse é o lema do escalador.
Emílio: É uma beleza chegar ao cume.
Silveirinha: Quando chega, você comemora!
Emílio: Agora, você que chegou no cume lá no Everest, dizem que existe uma maneira mais fácil e uma mais difícil de chegar ao cume.
Rodrigo Raineri: Exato. O Everest tem várias rotas de escalada. Eu já quase alcancei ao cume pela face norte, que é Tibete, e cheguei ao cume pelo sul, pelo Nepal. Mas não são as rotas mais difíceis, existem rotas mais difíceis do que as que eu escolhi.
RETORNO AO EVEREST
Bola: Você tem que planejar isso quanto tempo antes?
Rodrigo Raineri: Então, eu já escalo faz 23 anos, né.
Bola: Sim, mas você fala “vou para o Everest!” Daí você começa a planejar a sua viagem, a sua rota quanto tempo antes?
Rodrigo Raineri: Então, eu estou planejando uma volta ao Everest em 2013.
Bola: 2013?
Pior: Não faz isso, não! Você já escreveu o livro! Vai vender, ganhar dinheiro. Para!
Emílio: Então em 2013 você vai escalar de novo.
Rodrigo Raineri: Na verdade, não sei se eu quero escalar o Everest, mas eu tenho vontade de descer voando, de para-pente.
Bola: Uma ideia de “gerico”, né? Completamente louco!
DIFICULDADES E ACIDENTES
Emílio: Eu acho que as pessoas que não são alpinistas, que não vivem essa emoção que você está falando, não entendem muito bem. Porque sempre imaginam que o cara teve aquele sofrimento, sofre com o oxigênio…Aliás, alguém já chegou ao cume sem o oxigênio reserva?
Rodrigo Raineri: Já, já subiram sem oxigênio. Teve uma dupla Reinhold Messner e Peter Habeler…
Emílio: São os únicos?
Rodrigo Raineri: Não, hoje, se não me engano, 89 pessoas já subiram o Everest sem oxigênio, sendo que algumas delas subiram mais de uma vez.
Emílio: E quantas morreram? Por que tem um cemitério lá, né?
Rodrigo Raineri: Tem os memoriais, tem uma série de lugares onde eles lembram dos acidentes e dos mortos no Everest. Mas, de uma maneira geral, ou o corpo fica na montanha, ou ele é repatriado, né. Existem alguns corpos lá, mas a maioria fica na montanha ou é repatriado.
Bola: Mas fica lá por que não acham ou por que não dá para resgatar, Rodrigo?
Rodrigo Raineri: Porque não dá para resgatar. O acesso é muito difícil. Alguns, às vezes, até tem como, mas é muito complicado. E, também, para eles lá, o Everest é o Chomolungma – deusa mãe do mundo, eles são budistas-hinduístas -, então a montanha é uma deusa viva, e morrer em um lugar sagrado como esse é uma coisa bonita, porque você não precisará voltar para o mundo para se desenvolver, então você fica liberto de um “ciclo de reencarnações”.