Ao perceber que seria inevitável conter a ascensão de um grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara, o ditador Fulgêncio Batista tratou de abandonar a ilha caribenha de Cuba e, na calada da noite, fugiu para a República Dominicana. O fato aconteceu na madrugada do dia 1º de janeiro de 1959. Há exatos 50 anos, estava declarada a vitória da Revolução Cubana sobre a ditadura sangrenta e corrupta que vigorava no país.

Histórico

Cuba é a ilha onde Cristóvão Colombo desembarcou em 1492. Durante quatro séculos, o território ficou sob o domínio espanhol. Estes cultivavam açúcar e tabaco com os escravos vindos da África. Em 1898, após a Guerra Hispano-Americana, Cuba passou para o domínio dos Estados Unidos. No início do século XX, a ilha ficou conhecida como bordel norte-americano, em referência aos jogos, drogas e mulheres que os americanos procuravam em Cuba.

Em 1933, Fulgêncio Batista conseguiu reunir clandestinamente um grupo paramilitar que expulsou o então presidente Geraldo Machado e rompeu os laços com os Estados Unidos. Nos mais de 20 anos da influência de Batista, a ilha permaneceu atrasada economicamente a o crescimento da pobreza era assustador. Nesse cenário, jovens revolucionários passaram a organizar um movimento armado pela revolução. Inspirados em José Marti, o pensador cubano que tinha lutado pela independência da ilha no final do XIX, e liderados por Che e Fidel, eles passam a lutar de 1953 até 1959 para expulsar Batista.

Em 1958, quando o movimento revolucionário parecia quase vencido, Fulgêncio Batista enviou mais de 10 mil homens para a região de Sierra Maestra para liquidar os adversários. Bravamente, a tropa liderada por Che Guevara resistiu ao front e deu inicio a contra-ofensiva que culminaria na fuga de Batista em 1º de janeiro.

Novo tempo

A data representa o início de uma era marcada por profundas mudanças sociais e entraves econômicos e ideológicos com os Estados Unidos. Com o título de primeiro-ministro, Fidel Castro assumiu o poder e logo tratou de executar seus inimigos políticos e apoiadores de Batista. Em seguida, em maio de 1959, o governo dos guerrilheiros revolucionários deu início à reforma agrária que desapropriou as terras de empresas norte-americanas e nacionalizou bancos e mineradoras.

As medidas aproximaram o governo cubano à antiga União Soviética, e Fidel Castro adotou a bandeira de uma revolução de caráter socialista e de inspiração marxista-leninista. Em contrapartida, os Estados Unidos suspenderam a compra do açúcar cubano e interromperam algumas exportações. Até que, em 1961, o presidente americano Dwight Eisenhower rompeu as relações com Cuba. Era o auge da Guerra Fria, o conflito ideológico travado entre americanos e soviéticos durante boa parte da segunda metade do século XX.

Embora algumas tentativas de reaproximação tenham ocorrido desde então, Cuba e Estados Unidos não mantém relações comerciais ou turísticas. Com o fim da União Soviética em 1991, a ilha ficou ainda mais isolada e atrasada em termos de investimento e tecnologia. Mesmo assim, os cubanos se orgulham de ter uma educação pública de qualidade e um sistema de saúde eficiente.

Passado recente e reaproximação

Na década de 90, Fidel Castro liberou a península de Varadero, região conhecida por belas praias, para a iniciativa privada investir turisticamente. Grandes resorts foram construídos por redes hoteleiras européias, o que aumentou o turismo e arrecadação do governo cubano.

Recentemente, Fidel deixou o poder para o irmão mais novo, Raúl Castro. Este também era um dos líderes da guerrilha que expulsou Fulgêncio Batista. Com problemas de saúde, o “El comandante” Fidel Castro não aparece em público desde 2006, ano em que Raúl tratou de dar mais liberdade de consumo aos cubanos. Aparelhos de celular, DVD e computadores passaram a ser vendidos para a população, o que nunca tinha ocorrido. Os hotéis e lojas que eram destinados apenas aos turistas também tiveram as portas abertas para o povo cubano.

A expectativa agora está em Barack Obama, presidente eleito dos Estados Unidos, que meio século depois pode finalmente retomar o diálogo com o governo de Cuba. Tanto Raúl como Fidel manifestaram apoio ao presidente negro que, por sua vez, tem se mostrado interessado em reatar as negociações com a ilha.


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Revolução Cubana: Há 50 anos, Cuba iniciava um novo tempo