Pelo menos 877 golfinhos morreram nas praias do norte do Peru desde janeiro por causas desconhecidas, mas que o governo atribui a um vírus e algumas organizações ambientalistas à exploração petrolífera.
O chefe do Instituto do Mar do Peru (Imarpe), Germán Vásquez Solis Talavera, compareceu esta semana à comissão de Energia e Minas do Congresso do Peru para informar que sua instituição, junto ao Ministério da Produção, mantém aberta uma investigação para resolver este mistério.
O representante da Imarpe explicou que a área onde foram encontrados os golfinhos compreende uma faixa litorânea de 171 quilômetros de extensão.
Cerca de 200 quilômetros ao norte, a empresa americana BPZ sulcou durante três meses a área poucos dias depois das primeiras mortes, a bordo de uma embarcação de exploração para encontrar hidrocarbonetos no subsolo com um sistema acústico que impacta borbulhas sísmicas de ar comprimido contra o leito do oceano.
Vásquez ressaltou que “não há evidência científica entre a exploração petrolífera e a mortandade dos golfinhos” porque os espécimes “não apresentavam hemorragia nos ouvidos”, mas apontou que seria necessário um exame mais minucioso para afirmar categoricamente a inexistência de lesões internas.
O chefe da Imarpe indicou que a maioria dos golfinhos encontrados estava em um estado de decomposição avançada porque levavam “de dois a quatro meses mortos” à deriva, “o que dificultou a retirada de amostras”.
No entanto, Vásquez se mostrou otimista com a análise toxicológica e as biópsias realizadas, cujos resultados estarão disponíveis nos próximos dias e poderiam revelar o morbillivirus como a causa das mortes.
A bióloga presidente da organização ProDelphinus, Joanna Alfaro, explicou à Efe que se trataria de um vírus específico em cetáceos que afeta as vias respiratórias ao baixar o sistema de defesa, “mas ainda não há evidência científica para confirmá-lo”.
Já o porta-voz da ONG ProNaturaleza, Enrique Angulo, explicou que outras organizações ambientalistas do Peru atribuíram as mortes diretamente ao impacto acústico da exploração petrolífera por provocar pequenos sismos que danificam o ouvido e o sistema de orientação destes cetáceos.
“Ninguém confirmou nem descartou nenhuma das duas versões, mas não deixa de ser suspeito que estes golfinhos mortos apareçam em uma zona do litoral onde é conhecida a existência de petróleo”, alertou.