Policiais e soldados vigiarão o Everest para proporcionar segurança aos escaladores e evitar brigas e “engarrafamentos”, após as críticas que o governo do Nepal recebeu pelo aparente descontrole no “teto do mundo”.
O executivo nepalês planeja enviar nove agentes de segurança ao campo base do Everest situado a 4.800 metros de altitude na próxima temporada de escalada, que começa em março e termina em maio.
Até agora, apenas funcionários civis eram enviados como elos entre os montanhistas e o governo nepalês para tramitar as escaladas, disse à Agência Efe Dipendra Poudel, membro do departamento governamental de montanhismo.
A responsabilidade básica dos agentes de elo será a comprovação de que as expedições montanhistas seguem as regulações governamentais, a mediação entre os habitantes locais e os escaladores em caso de disputas e a verificação de incidentes como casos de morte, brigas e roubos.
O governo do país do Himalaia contará com um escritório administrativo no campo base, onde operarão todos os representantes da administração.
Em um futuro próximo serão acrescentados a este escritório médicos, um meteorologista e um especialista em comunicações.
A falta de segurança na montanha ficou evidenciada em abril de 2013, quando o suíço Uli Steck e o italiano Simone Moro foram agredidos a 6.500 metros de altura por sherpas (etnia da região mais montanhosa do Nepal), disputa à qual pôs fim um coronel nepalês que era membro de outra expedição.
Os dois alpinistas escalavam a montanha de 8.848 metros por uma nova rota na qual os sherpas colocavam cordas para outros montanhistas que eram seus clientes.
Os sherpas afirmaram que os escaladores estrangeiros se anteciparam a eles e fizeram com que se desprendesse um pedaço de gelo que bateu em um dos nepaleses. Zangados porque Steck e Moro não responderam a suas queixas, os sherpas enfrentaram os dois.
“Queremos resolver os conflitos na montanha, no mesmo lugar em que se produz o problema. Temos que fazer do montanhismo algo respeitável”, afirmou Poudel.
Antes desta briga, os funcionários de elo informavam sobre os roubos de tanques de oxigênio, mortes na montanha e brigas na delegacia de polícia de Namche Bazar, a sete dias de distância do campo base, de acordo com Gyanenendra Shrestha, que ocupou esse posto.
“A mudança fará com que seja muito mais fácil o trabalho dos funcionários de elo”, disse à Agência Efe Shrestha.
O governo, além disso, revisou as tarifas que os alpinistas pagam para escalar o Everest. Até o ano passado, cada montanhista pagava US$ 25 mil, mas a tarifa era rebaixada para US$ 10 mil se houvesse mais de sete membros na equipe de escalada.
Isto fazia com que montanhistas que não se conheciam se unissem em equipes para pagar menos pela subida.
Com a nova regulação, cada estrangeiro pagará US$ 11 mil e não será levado em conta o número de escaladores por expedição.
“Esperamos que esta medida melhore a segurança e a gestão das equipes”, comentou Poudel.
Nos últimos anos, cerca de 300 estrangeiros obtiveram permissões para escalar o Everest na temporada de primavera entre março e maio.
Com um número similar de sherpas, isto provocou a saturação da montanha e vários escaladores morreram em 2012 quando acabaram os tanques de oxigênio por causa dos “engarrafamentos”, segundo alguns analistas.
Mas em 2013 não ocorreram engarrafamentos porque foram colocadas duas cordas nos gargalos, uma para subir e outra para descer, de acordo com o presidente da Associação de Operadores de Expedições, Dambar Parajuli.
“Neste ano também haverá dois jogos de cordas”, garantiu Parajuli à Agência Efe.