Investigação paranormal

O caça-fantasma Luiz David e seus aparelhos
O caça-fantasma Luiz David e seus aparelhos
Créditos: Gabriel Quintão

Na última sexta-feira (30/10), estávamos eu e o repórter fotográfico Gabriel Quintão nos fundos do Cemitério da Lapa para cumprir uma pauta especial: descobrir como trabalha um detetive paranormal, um caça-fantasma de verdade.

Na minha busca por “caça-fantasmas em São Paulo”, encontrei o site do GPIP (Grupo de Pesquisa e Investigação Paranormal). Entrei em contato e quem atendeu foi o Luiz David, o criador da coisa toda.

Ideias trocadas e encontro marcado, partimos para o local. Chegamos lá bem no horário combinado, às 21h30 da sexta-feira — véspera de Halloween. O lugar era escuro – não tem muitas luzes por lá – e o silencio do cemitério enorme ali do lado só não chamava mais atenção do que o forró no último volume que vinha de um prédio vizinho.

Câmera de espectro total que "enxerga" ultravioleta e infravermelho

Luiz chegou num carro acima de qualquer suspeita — não é nada parecido com o ECTO 1, aquele do filme dos caça-fantasmas, cheio de quinquilharia, sirene e luzes — e já foi tirandodo porta-malas alguns dos aparelhos usados em suas investigações (nada de feixe de prótons e caixa para guardar os fantasmas).

Começamos a conversar e o papo descambou para “a primeira vez em que o grupo conseguiu registrar uma atividade paranormal”.

“Nossa primeira experiência aconteceu no centro histórico de São Paulo. Na época, o grupo era um trio formado por mim, a Mariela e a Joseane. Foi realmente interessante. Conseguimos registrar atividade paranormal e me senti tocado. Senti pontas de dedos no meu ombro, e o meu cabelo e os pelos dos braços ficaram todos arrepiados. Isso foi muito, muito interessante”, disse.

Ele compra os equipamentos nos Estados Unidos, aproveitando as viagens de seu trabalho principal, numa multinacional, para fortalecer seu arsenal: “Vou direto para Tampa, na Flórida, e aproveito para trazer alguma coisa. Aqui no Brasil não tem”, disse.

Com o equipamento montado — uma câmera de espectro total (essa aí de cima), um K2, um Mel-meter e outra câmera termográfica —, fomos para a parte mais escura do lugar, ainda coladinho com o cemitério, e lá tivemos uma amostra de como é o registro de uma atividade paranormal. Nada de sussurros, frio na espinha, vultos, ar mais gelado que o normal, ou qualquer coisa do tipo que a gente vê nos filmes.

Com os aparelhos nas mãos, Luiz foi fazendo suas perguntas, tentando contato com o além. “Oi, tem alguém aqui?”, “Se você estiver por aqui, por favor, dá um sinal”, “A gente não quer te fazer mal, pode ficar tranquilo”, “Se você estiver aqui, acende as luzinhas dessa caixinha branca aqui na minha mão” etc…

Peguei os aparelhos na mão. É simples, tem apenas um botão liga e desliga e um indicador com cinco luzinhas Led. O outro é mais complexo, mas também não notei nenhum dispositivo para aumentar os números exibidos no display. A coisa era real mesmo.

O K2 e o Mel-Meter, medidores de campos eletromagnéticos

Gabriel Quintão O K2 e o Mel-Meter, medidores de campos eletromagnéticos

Em um determinado momento, Luiz perguntou: “se você quiser que a gente vá embora, é só acender as luzes dessa caixa branca aqui”. Três (das cinco) acenderam. Comecei a botar um pouco de fé naquele momento. E aconteceu novamente quando ele repetiu a pergunta: “quer que a gente vá embora?”, “não quer mais conversa mesmo, né?”, dizia, enquanto as luzinhas iam para lá e para cá.

O que aconteceu, segundo ele, foi uma atividade paranormal. “Tem alguma coisa aqui com a gente. Bem aqui”, disse, apontando para um ponto a pouco mais de um metro de nós três. Não deu para ver nenhum vulto. Não senti nenhum toque do além, frio na espinha ou qualquer coisa do tipo. Só teve uma coisa que me fez esquecer a pergunta que estava formulando: um cachorro preto enorme que corria de um lado para o outro dentro do cemitério. Isso deu um pequeno susto.

Alguma coisa foi detectada por ali. Cheguei lá cético de tudo e fui embora tentando digerir as informações. Fiquei curioso para saber mais sobre as investigações paranormais.

Mais do GPIP e seus equipamentos

O grupo existe desde março de 2012. Surgiu na base da curiosidade, mais por um hobby, inspirado nos programas de investigação paranormal exibidos lá fora.

“Depois de um tempo, a coisa ficou mais séria. Fiz toda a formação de parapsicólogo e sigo fazendo cursos. Atualmente estou fazendo um lá de fora, na ParaNexus [especialista em pesquisas paranormais]. Estamos avançando bastante. Já deixou de ser um passatempo, é o meu segundo emprego”, revelou Luiz.

Tudo o que eles fazem é baseado em fatos registrados em seus equipamentos. Se não tiver nada na câmera ou nos aparelhos, não tem fantasma. “O grupo está fundamentando em metodologias científicas, para tentar constatar a atividade paranormal através dos equipamentos”, concluiu Luiz. Ele também falou um pouquinho sobre os equipamentos. Confira:

Câmera termográfica para rastrear pontos de calor e frio

K2 e o Mel-Meter são usados para detectar campos eletromagnéticos naturais. Isso pode ser causado por fiação elétrica, carregadores de celulares, quadros de força ou outras fontes. Quando não tem nada disso por perto e eles acusam alguma coisa, fique com medo.

A câmera de espectro total tem alta resolução e pode “enxergar” o espectro total de cores, incluindo o ultravioleta e o infravermelho, coisas que o olho humano não consegue ver. Com uma iluminação adequada, é possível registrar atividade paranormal nesse espectro de cor — vultos e sombras.

A câmera termográfica (ao lado) rastreia pontos de calor e frio. Há uma teoria que sugere que o local onde acontece uma atividade paranormal fica mais frio. Em um ambiente fechado, dá para perceber quando ocorre o resfriamento súbito do ambiente e achar o local dessa atividade com maior exatidão. Com isso, dá para levar outras aparelhagens, como gravador de áudio e medidor de campo eletromagnético. Em outras palavras, dá para enxergar o rastro de calor de espíritos.

O GPIP não cobra pelas investigações, ou seja, não rola um boleto para você pagar depois. Cada caso é analisado antes de acontecer de fato uma visita ao lugar. Se você está passando por situações sinistras, vale entrar em contato com os caras. O site é http://www.gpip.com.br/


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Passamos a noite com um caça-fantasmas e presenciamos atividade paranormal