No início de outubro, alguns vídeos de pouco mais de dez segundos começaram a circular no WhatsApp e rapidamente viralizaram. Eram filmes caseiros, feitos pela câmera de um celular, que mostravam um casal em um momento íntimo. Só o rosto da moça aparecia. Pior, o post revelava o nome dela, Fran, e o local onde ela trabalhava, em um shopping na cidade de Goiânia. No vídeo, a garota de 19 anos faz o sinal de OK, ao falar algumas palavras obscenas.
A partir daí a vida da Fran virou um inferno. As pessoas passaram a identificá-la nas ruas. Ela perdeu o emprego, mudou a cor dos cabelos, quase não sai mais de casa. Por conta de todo este estrago, poucos dias após a publicação, amigos criaram uma fanpage no Facebook para mostrar que há pessoas que não concordam com a execração pública da menina.
Afinal, ela não fez nada mais do que todo mundo faz ou gostaria de fazer. E, como manda a lei, criminoso é quem divulgou as imagens dela sem autorização, com a intenção de humilhá-la e constrangê-la.
São mais de 33 mil fãs, com pouco mais de dez dias no ar. A princípio, o gesto de OK foi usado para ridicularizá-la, mas, depois, foi apropriado pelos amigos de Fran, que postam fotos semelhantes em apoio à garota. São internautas e muitos blogueiros que declararam apoio público à moça.
Claro que alguns seguidores mais engraçadinhos não poderiam deixar de colocar fotos de famosos também fazendo o gesto ou mesmo montagens, como a de Hitler, o que não tira a seriedade da questão. Outros, mais exaltados, radicalizam e acabam usando a mesma moeda para atacar o provável autor do delito, identificando-o e fazendo as imagens circularem na net.
Já há até um projeto-de-lei complementar que quer transformar a divulgação de imagens íntimas de mulheres como um ato de violência doméstica, protegido pela Lei Maria da Penha. Só que, enquanto isso não acontece, a garota, depois de xingada, humilhada, apontada e julgada, ainda tem de lutar para provar que foi o ex-namorado que postou as imagens na internet.
