Um homem que era considerado em estado vegetativo há mais de uma década conseguiu se comunicar pela primeira vez com os médicos por ressonância magnética, para afirmar que “não sente dor”, informou nesta terça-feira (13) a rede “BBC“.
Scott Routley, um canadense de 39 anos que sofreu um acidente de automóvel há 12 anos, é um dos pacientes do Reino Unido e do Canadá com graves danos cerebrais cuja evolução foi acompanhada pelo programa científico “Panorama” da “BBC”, exibido hoje com o título: “O leitor da mente: libertando minha voz”.
É o primeiro caso em que um doente que sofre graves danos cerebrais e carece de capacidade de comunicação dá respostas clinicamente relevantes à equipe de especialistas que o atende.
Os especialistas fizeram perguntas a Routley, natural de Ontário (Canadá), enquanto realizavam um mapeamento de sua atividade cerebral com a técnica conhecida como FMRI (ressonância magnética funcional de imagens).
Até o momento, em nenhuma das avaliações físicas às que os doutores submeteram o paciente ele havia dado sinais de consciência ou habilidade para se comunicar.
No entanto, o neurocientista britânico Adrian Owen, responsável pela equipe de especialistas do Instituto de Cérebro e Mente da Universidade de Western Ontario (Canadá), considerou que Routley não se encontrava em estado vegetativo.
“Scott pôde demonstrar que tem uma mente consciente e que pensa. O escaneamos várias vezes e o relatório de sua atividade cerebral mostra que claramente escolhe responder a nossas perguntas. Achamos que sabe quem é e onde está”, afirmou o especialista à “BBC”.
Por sua vez, o professor Bryan Young, do Hospital Universitário de Londres e que foi neurologista de Routley durante uma década, apontou que os resultados dos escâneres feitos com o paciente “dão uma reviravolta” em todas as avaliações de comportamento feitas ao longo dos anos.
“Impressionou-me e surpreendeu-me que (Routley) pudesse dar essas respostas cognitivas”, disse Young, pois o doente tinha “o quadro clínico do típico paciente em estado vegetativo e não mostrava movimentos espontâneos que parecessem significativos”.
Durante mais de um ano, o programa “Panorama” acompanhou vários pacientes que se encontravam em estado vegetativo ou minimamente conscientes tanto no Reino Unido como no Canadá.