A organização Movimento Passe Livre (MPL) que mobilizou milhares de pessoas em várias cidades do país para protestar contra as altas das tarifas de ônibus convocou nesta sexta-feira (14) novas manifestações para a segunda-feira (17) após os conflitos do véspera que deixaram 237 detidos apenas na cidade de São Paulo.
O MPL, que defende o transporte público gratuito, anunciou nesta sexta que as manifestações continuarão apesar dos conflitos violentos em algumas cidades, principalmente nas capitais São Paulo e Rio de Janeiro.
O movimento foi o principal impulsor das manifestações que se estenderam por várias cidades do Brasil, entre as quais quatro em São Paulo em apenas uma semana.
A manifestação da noite de quinta-feira (13), em São Paulo, que reuniu cerca de 5 mil pessoas segundo as autoridades, foi violentamente reprimida pela polícia e gerou um conflito com dezenas de feridos, incluindo sete jornalistas que cobriam a manifestação.
A Secretaria de Segurança Pública informou que 237 pessoas foram detidas provisoriamente, mas na manhã desta sexta-feira apenas quatro permaneciam detidas e serão acusadas formalmente de dano ao patrimônio público.
Os enfrentamentos entre manifestantes e policiais transformaram as ruas do centro de São Paulo em verdadeiros campos de batalha, principalmente após a decisão do governo regional de reforçar a vigilância com membros de grupos policiais destinados a operações especiais.
Apesar de a polícia alegar que se limitou a usar armas não letais como gás lacrimogêneo e balas de plástico, imagens das redes de TV mostram que alguns manifestantes foram violentamente agredidos com cassetetes.
A polícia informou que em batidas realizadas antes que os manifestantes se concentrassem confiscou coquetéis molotov, garrafas com combustível e máscaras.
Tanto o governo como a prefeitura de São Paulo justificaram a repressão aos protestos, que classificaram como políticos, pelos danos que os manifestantes causaram em estações de metrô, pontos de ônibus, vitrines de bancos e outros edifícios.
As autoridades regionais e municipais disseram igualmente que o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus será mantido.
A manifestação ontem à noite no Rio, que ocupou várias ruas do Centro, correu de forma pacífica mas terminou igualmente em conflito quando alguns dos manifestantes que se dispersavam se enfrentaram a polícia com pedras.
Na capital fluminense foram detidas ontem à noite 34 pessoas.
A organização Anistia Internacional divulgou um comunicado em que manifestou sua preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra a alta das tarifas de transporte.
“Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”, segundo a nota.
O cenário de tensão urbana aconteceu a dois dias da abertura da Copa das Confederações, que acontecerá nas capitais Rio, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Brasília, onde Brasil e Japão inaugurarão o campeonato amanhã.
