Na década de 50, os russos usavam raios-x usados para piratear música
Nos anos 50, a vida dos apreciadores da música na Rússia não era nada fácil. Os artistas locais tinham dificuldades em se apresentar e qualquer som do ocidente era proibidão. Mas o jazz e o rock’n’roll tavam comendo soltos do lado de cá, e a galera da União Soviética decidiu não ficar fora dessa.
A solução foi pegar raios-x descartados no lixo de hospitais e copiar a música na folha grossa, que virava uma espécie de vinil com um lado só. O piratão não tinha um som bem definido, mas funcionava. E ainda tinha esse visual true de ossos e órgãos.
A escritora Anya von Bremzem explicou à NPR que para finalizar o disco se cortava o raio-x num circulo com tesourinhas de manicure e depois abria um buraco no meio com a brasa de um cigarro. “Você tinha Elvis nos pulmões e Duke Ellington no cérebro da tia Masha. Música ocidental proibida no interior de cidadãos soviéticos.”
A brincadeira acabou em 58, quando o governo descobriu as “músicas osso” e começou a monitorar o descarte dos raio-x e prender quem era encontrado com os discos piratas.
As fotos dos discos são do húngaro Jozsef Hajdu. Além do material russo, Hadju também encontrou arquivos de som impressos em raios-x descartados no Museu Postal da Hungria. O motivo das gravações, no entanto, era outro: a escassez de matéria prima durante a 2 Guerra Mundial.