Série Ghosts, de Sebastian Palmer
Créditos: Sebastian Palmer
Nos últimos três anos, o fotógrafo inglês Sebastian Palmer tem dividido seu tempo entre trabalhos comerciais e projetos pessoais desenvolvidos no Brasil com forte carga de crítica social. Depois de registrar ocupações e profissionais do sexo, Sebastian passou algum tempo na cracolândia. O resultado é a série Ghosts – fantasmas, em português-, um conjunto de retratos que humaniza os moradores da região do centro de São Paulo.
“Meu objetivo é criar uma obra que chame atenção para parcelas vulneráveis da sociedade, e assim dar a elas uma voz com a esperança de que sejam tomadas medidas para que vivam com dignidade”, diz Sebastian, ao Virgula Inacreditável. Um dos motivos que o fez criar o projeto foi a atenção redobrada dedicada ao tem na época da Copa. Para o fotógrafo, os registros da cracolândia e seus moradores eram feitos à distância, sem interação. “Isso só reforçava um sentimento de nós contra eles.”
Por isso a opção por fotos com enquadramentos fechados, descontextualizados do ambiente. Ainda que os efeitos da droga sejam visíveis, os personagens das imagens aparecem como as pessoas que são – assim como eu ou você.
As fotos foram feitas em um período de duas semanas, em um estúdio improvisado no meio da própria cracolândia. Antes disso, ele passou um mês na região, dentro de um processo de aproximação e conquista de confiança. Sebastian conta que muitos dos participantes do projeto impuseram uma condição: de que as imagens não fossem publicadas em sites ou revistas brasileiros. “Em alguns casos é vergonha, em outros essas pessoas não querem ser encontradas”, diz.
“A maioria deles tem uma autoestima muito baixa, o que é compreensível quando se pensa que em geral passaram por situações de violência, abusos, doenças mentais, etc. Apesar de ver um pouco de esperança e crença em um futuro melhor, eu resumiria o sentimento geral dessas pessoas como tristeza, arrependimento e dor”, afirma Sebastian.
Sebastian separou seis fotos autorizadas da série Ghosts para o Virgula. No Instagram dá para conhecer um pouco mais do trabalho dele.