As marchas realizadas neste sábado (22) para lembrar o golpe militar de 1964 no Brasil tiveram pouco respaldo e congregaram pouco mais de duas mil pessoas, que exigiram uma “intervenção militar já”.

A principal dessas concentrações ocorreu em São Paulo, onde em 19 de março de 1964 foi realizada a “Marcha da Família com Deus”, que então reuniu cerca de 100 mil pessoas, pouco antes do golpe que em 1 de abril desse mesmo ano derrubou o presidente João Goulart.

A segunda edição dessa marcha foi convocada através das redes sociais, nas quais dezenas de milhares de pessoas tinham confirmado presença.

No entanto, esta nova edição somente congregou cerca de dois mil manifestantes, que fizeram duras críticas contra a democracia e especialmente contra o governo de Dilma Rousseff, que na juventude esteve dois anos presa por vínculos com grupos que pegaram em armas contra a ditadura.

Como fizeram há 50 anos, os grupos de extrema direita gritaram contra o “comunismo” e em alguns de seus cartazes exigiram uma “intervenção militar já”, para devolver ao país a “ordem e progresso” que, segundo afirmaram, foi proporcionada pela ditadura.

Em oposição a esses grupos, outras centenas de pessoas que se qualificaram como “antifascistas” também tomaram as ruas, mas para se manifestar contra os partidários da ditadura e exigir que os responsáveis de crimes contra a humanidade ocorridos entre 1964 e 1985 sejam julgados.

Os culpados pelas torturas, sequestros e outros crimes ocorridos durante a ditadura estão amparados por uma ampla anistia ditada pelo próprio regime em 1979, que beneficiou militares e também guerrilheiros e cuja “constitucionalidade” foi ratificada pela Superior Tribunal Federal há quatro anos.

No Rio de Janeiro, os manifestantes que protestavam contra o golpe de 1964 se concentraram em frente a sede de um antigo centro de detenção e torturas, que pretendem que seja transformado em um museu dedicado às vítimas da ditadura.

Em Recife, junto a cerca de 20 pessoas, o tenente retirado Hildernardo Ferreira de Souza declarou que o país “precisa erradicar a corrupção” e assegurou que isso só será possível “com a volta dos militares”.

Nas convocações que circularam nesta semana pelas redes sociais comentava-se sobre a “segunda edição da marcha que em 1964 expulsou o comunismo do Brasil e evitou que o país fora o pátio traseiro de Cuba“.

O empresário Piero Pagni, um dos organizadores, disse hoje aos jornalistas que a ditadura foi “um dos melhores períodos da história do Brasil” e afirmou que durante os 21 anos que durou imperaram a “lei e a ordem” no país.

Segundo Pagni, a “única maneira” do Brasil “recuperar a moral e o respeito” é “uma intervenção militar no governo federal”, ao qual acusou de ter sido “dominado pelos comunistas”.


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Nova versão da Marcha da Família com Deus reúne poucas pessoas