Uma nova biografia sobre Vincent Van Gogh, publicada nesta segunda-feira (17) no Reino Unido, sustenta que o artista morreu por um disparo acidental e contraria a ideia de suicídio, uma hipótese que até então era unânime.

Esta é uma das principais revelações de “Van Gogh: The Life“, uma nova biografia escrita pelos americanos Steven Naifeh e Gregory White Smith, ganhadores do prêmio Pulitzer em 1990. Para elaborar essa obra, os autores pesquisaram a vida do artista holandês por mais de uma década, em colaboração com instituições como o museu Van Gogh de Amsterdã.

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Após estudar milhares de documentos e livros relacionados ao famoso pintor, os autores concluíram que, ao contrário do que se acreditava, Van Gogh não se suicidou em Auvers-sur-Oise, na França. Para os autores, o pintor foi atingido por um disparo acidental de um jovem.

Segundo o livro, quem atirou em Van Gogh foi René Secrétan, um adolescente de 16 anos obsessivo pelo Velho Oeste. Vestido de vaqueiro e com uma velha arma de calibre 380 na mão, o jovem acabou acertando um tiro no peito do artista.

De acordo com a biografia, o solitário e atormentado Van Gogh, que conhecia o menino e seu irmão desde pequenos, voltou cambaleando de volta à pousada Ravoux, onde morreu 30 horas depois.

Quando alguém perguntou ao pintor se ele pretendia se suicidar, o artista respondeu vagamente: “Acho que sim”. Segundo os autores, Van Gogh disse isso justamente para defender René Secrétan e seu irmão Gaston, que também estava presente no episódio de 27 de julho de 1890.

Os autores argumentam que a versão de suicídio, que influenciou a criação de uma lenda e disparou a cotação dos quadros de Van Gogh após sua morte, não casa com a opinião que o pintor tinha sobre esse ato, que era tachado de “covarde” em suas cartas.

Embora Naifeh e White admitam que “ninguém sabe o que realmente aconteceu”, os escritores defendem a versão da biografia, já que contam com provas e testemunhos.
Os autores consideram como uma prova o fato de o jovem Secrétan, que disparou acidentalmente no artista, ter se transformado em um banqueiro especialista em tiro.

Antes de morrer, aos 85 anos, Secrétan se mostrou vago sobre a morte do pintor em uma entrevista concedida em 1957. Ele afirmou que o Van Gogh que conheceu era “mais um vagabundo” que o vigoroso artista encarnado pelo ator Kirk Douglas no filme “Sede de Viver“.

Um texto do escritor Wilfred Arnold também é apontado como uma prova pelos autores. Arnold disse que o historiador de arte John Rewald, que tinha visitado Auvers nos anos 30, ouviu falar de rumores de que Van Gogh tinha sido disparado acidentalmente por dois jovens. Porém, o pintor havia assumido a culpa para protegê-los.

Naifeh e White sustentam que o pintor holandês, que morreu 37 anos antes de ver o sucesso de suas obras, estava “mais triste e atormentado psicologicamente” do que se acredita.

Segundo os autores, o artista se via como uma espécie de carga para seu irmão Theo, que bancava suas despesas. Outras revelações da biografia mostram que Van Gogh (1853-1890) sofria de um transtorno maníaco depressivo, e que sua família havia tentado sua internação em um sanatório.


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Nova biografia relata que morte de Van Gogh não foi por suicídio