Eles fazem tudo por Gisele

"A gente chega na cara dura e vai pedindo convite até conseguir. Já fiquei até uma hora aqui fora, só tentando".
Créditos: Bruno Kepper

Cheguei no Parque Cândido Portinari, para o São Paulo Fashion Week, faltando dez minutos para as 17h. O tempo estava fechando e eu temia ser não só pisoteada por fãs de Gisele Bündchen, mas também ensopada pela chuva iminente. Desci do carrinho de golfe que transportava os convidados já esperando pela trabalheira que teria.

A entrada do pavilhão estava movimentada, mas nada comparado aos anos de Bienal, quando sair do evento era se deparar com uma horda zumbi que repetia o mantra “moça, me dá um convite, vaaaai?”. Pelo contrário, os pedintes estavam bem mais comportados, posudos, como verdadeiros convidados de honra da semana de moda. Bom, né? Mas bastou uma conversa para perceber que a despedida de La Bündchen das passarelas ainda era motivo de comoção.

Parados no gramado, o produtor Diego Oliveira e o designer Fernando Tavares, devidamente paramentados com as tendências da moda, tentavam não deixar transparecer seus objetivos por ali. Quando perguntei o que gostariam de ver lá dentro, a resposta foi a primeira de várias em uníssono que eu ouviria aquela noite: a Gisele, nééé? Acostumado a usar de cara-de-pau pra entrar nos lugares, Fernando contou da vez que se juntou à equipe de Adriane Galisteu e acabou no backstage de um desfile da Iódice. “Eles perguntaram se ‘nós’ estávamos juntos e eu fui no embalo. Ninguém ali especificou nada!”, revela o moço. Outras histórias de gente safa incluem o plano de Acauã Raoni, 21, e Gleice Alves, 19: eles entram em todos os desfiles, mas não revelam suas técnicas. “Ou a gente teria que te matar”, diz o garoto.

As expressões cerradas denunciavam alguns grupos de jovens nervosos diante da possibilidade de não conseguir convites. A dupla Helena, 22, e Bruno, 25, era um exemplo da “cara de treta”. Tanto que Bruno, à primeira oportunidade, nem esperou para ser fotografado e se mandou lá prá dentro. Lágrimas também faziam parte da paisagem, como foi o caso da amiga de Adriana Medeiros, 21, que de tão frustrada nem quis falar conosco. “A gente só quer entrar e respirar o ambiente da moda, isso já me inspira”, conta a garota, que estudou moda e pretende um dia trabalhar como camareira no backstage.

Como em todo evento, seja concerto na pracinha do interior ou desfiles internacionais de moda, temos a presença de uma parcela de “ousados”. Gente que vai fundo na ilusão de viver como as celebridades. Neste grupo, conhecemos um cara que se dizia amigo de Costanza Pascolato e um senhor que, por mais que fizesse loucuras pela über model, “não pretendia separar Gisele Bündchen de seu marido”. Então tá.

A chuva finalmente caiu, espantando alguns e encerrando as esperanças de outros. Acauã e Gleice esperavam sob um toldo a chuva passar, para tentar mais uma vez entrar no pavilhão. Prometeram até entregar um recado por mim. Confiança não era artigo em falta por lá.


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Na despedida de Gisele Bündchen, fomos ao SPFW conhecer gente que faz de tudo para vê-la

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