Michelly Summer
Créditos: divulgacao
Quem?!?!Drag Queen!
ORIGEM
Emílio: É verdade que você é de Pernambuco?
Michelly: Eu sou do sul.
Emílio: Você é do sul?
Michelly: Do sul de Pernambuco…
Emílio: O que você acha da Parada Gay?
Michelly: Dou o maior apoio. Eu sou uma verdadeira mutante.
Emílio: É um ser na identificado.
Michelly: Um ser que é pesquisado pela NASA.
Emílio: O que é o “Galo Jackson”, que você fazia em Recife?
Michelly: Era um espetáculo infantil que eu participava. Eu sou atriz. Travesti não é profissão, é uma opção minha: eu sou do sexo masculino e assumi minha opção de me vestir de mulher. Acima de tudo, sou atriz, qualquer papel eu interpreto. Inclusive, o “galo Jackson” era um pinto.
PRECONCEITO
Emílio: Você viaja o Brasil inteiro fazendo apresentações. Qual é a região do país que tem mais preconceito, se é que alguma região ainda tem preconceito?
Michelly: Não sofro muito preconceito por ser nordestina. Sofro mais por ser travesti, por ter assumido esta forma de mutante. O impacto é maior.
Emílio: Então, você ainda encontra preconceito, mesmo nos grandes centros?
Michelly: Em todo lugar. Dentro da própria classe há preconceito. Aqueles gays mais masculinos, que não dá na cara que é gay, olha para travesti de cara feia.
Emílio: Então, entre os gays também existe preconceito?
Michelly: Tem. A lésbica mais feminina sofre menos preconceito do que aquela que é mais “machuda”, que usa cueca. Mas, acho que as barreiras estão se quebrando. Hoje, a galera trata a gente como se fosse uma pessoa.
Emílio: O que fazer para quebrar este preconceito?
Michelly: Mostrando que tudo é uma opção, é uma alegria. E que, se cada um cuidasse da sua vida, seria tudo melhor. Se a sua vida já está cuidada, adote um gato. Não cuide da vida dos outros, não queira saber quem está dormindo com quem.
Bola: Deus dá a vida para cada um cuidar da sua.
Michelly: Pois é.
Emílio: Esta é a tal “tolerância” que todo mundo fala.
Michelly: A aceitação vem de coração, mas o respeito é obrigação.
SOCIEDADE
Michelly: Quem banca o travesti na rua?
Emílio: Quem?
Michelly: É a própria sociedade. Ser travesti custa caro: bronzeamento artificial, prótese de silicone, cirurgia no nariz, diminuir gogó, pés, cabeça, mudar dentes. As “drags” mudam tudo com o dinheiro da sociedade, do pai de família que dá truque na esposa dizendo que vai ao culto. Da esposa que diz que vai com as amigas na reunião da tappawere.
PARADA GAY
Bola: A Parada Gay é uma festa que traz mais gente para São Paulo do que a Formula 1.
Michelly: Para você ver que este negócio de “simpatizante” está dando uma camuflada na galera que realmente é “gay”.
Emílio: Na Parada Gay vem pessoas do Brasil inteiro? Como é a organização?
Pior: Vem gays do mundo inteiro. As bichas organizam até pacotes de viagem.
Emílio: Vem ônibus de Araraquara?
Pior: Vem vários. As pessoas fazem reserva de hotéis, no máximo, em fevereiro. Outro truque é fazer amizade com bichas paulistas para ter onde se hospedar.
Michelly: Eu não estou atendendo telefone faz tempo.