O senador Renan Calheiros, que foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes de corrupção pela Procuradoria Geral da República (PGR), foi eleito nesta sexta-feira (01) como novo presidente do Senado.
Renan foi presidente da casa de 2005 a 2007, até que denúncias de corrupção fizeram ele renunciar ao posto. Em razão dos mesmos fatos de 2007, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, denunciou o senador por peculato, falsidade ideológica e uso de documento falso.
Um dos líderes do PMDB e aliado do governo do PT, Calheiros foi eleito em uma votação secreta com 56 votos dos 78 senadores presentes na sessão.
O novo presidente, que substitui José Sarney, fez um discurso em favor da ética diante das críticas de alguns senadores que mencionaram as acusações.
“A ética é meio, não é fim. A ética é obrigação de todos nós, é responsabilidade de todos nós e é dever desse Senado Federal”, disse Calheiros.
O senador Pedro Simon, seu colega de partido, chegou a aconselhar que Renan Calheiros desistisse da candidatura devido à possibilidade do STF julgá-lo.
“Ele é eleito hoje, na quarta-feira ou na quinta-feira o presidente do Supremo aceita a acusação, se inicia um processo ali e outro aqui. É evidente que a Comissão de Ética debaterá. Vamos repetir o filme que já ocorreu”, afirmou Simon na tribuna do Senado antes da votação.
A PGR sustenta que Calheiros usou notas frias para esconder que o lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, pagava o aluguel de um apartamento e a pensão de uma filha que o senador teve em uma relação extraconjugal e que manteve oculta até 2007, quando a imprensa noticiou o escândalo.
Calheiros era na ocasião presidente do Senado e renunciou ao cargo, sendo inocentado na casa por seus colegas em um julgamento político.
Na semana passada, Calheiros disse que as acusações têm “natureza nitidamente política”, entre outros motivos, por ter sido apresentada nas vésperas da eleição no Senado.
Gurgel respondeu hoje a estas alegações afirmando que a Procuradoria Geral não apresentou antes sua acusação devido à realização do julgamento do mensalão.