Os médicos espanhóis estão cogitando cobrar de pacientes que fizerem “mal uso” da saúde pública, universal e gratuita no país, ideia que foi mal recebida por diversos setores.
O presidente da Organização Médica Colegial da Espanha (OMC), Juan José Rodríguez Sendin, disse hoje à Agência Efe que demonstrar que esse mal uso seja “consciente” e passe, por exemplo, por não comparecer a consultas marcadas ou não pegar resultados de exames.
Sendín ratificou assim uma proposta divulgada nos últimos dias e que gerou uma forte polêmica no país e hoje matizou que sua intenção é suscitar uma reflexão com o objetivo de “gerar a melhor eficiência possível para não ter de tomar medidas mais drásticas”.
Outro exemplo do que considerou “mal uso consciente e voluntário”, é quando um paciente vai à emergência de um hospital quando o caso não é grave, porque corre o risco de bloquear esse sistema de emergência.
“Um machucado no joelho, uma picada de mosquito ou uma espinha no nariz são motivos de emergência hospitalar?”, questionou o presidente dessa organização de médicos.
Por outro lado, a Confederação Estatal de Sindicatos Médicos (CESM) se mostrou contra a penalização e a favor da profilaxia. O presidente do órgão, Albert Tomàs, disse à Agência Efe que não se pode culpar a cidadania e que o problema é a falta de financiamento aguçada pelos cortes em gastos públicos com saúde.
Por sua vez, a Sociedade Espanhola de Medicina de Urgências e Emergências considerou que a proposta atentaria contra a igualdade no trato aos cidadãos menos favorecidos.
Para os usuários, o presidente da Aliança Geral de Pacientes, Alejandro Toledo, também defendeu a profilaxia, porque “há pessoas que não têm uma consciência clara” do custo desses serviços, mas que a resposta não é a penalização, porque “esse país já está suficientemente penalizado”