“Toda vez é a mesma história. Não sei se é por nervosismo ou ansiedade demais, mas eu não consigo transar por mais de cinco minutos. O clima vai esquentando, as coisas vão ficando boas e, quando eu vou ver, já era”, revela o estudante de arquitetura Marcos Rodrigues, 20.

E o pior é que ele não está sozinho. A ejaculação precoce (EP) é a disfunção sexual mais comum entre os homens (pode atingir de 20% a 30%, de acordo com alguns dos principais estudos sobre o assunto).

Atualmente, a grande maioria dos terapeutas sexuais entende que a EP nada mais é do que a dificuldade que o homem tem em controlar a ejaculação. Mas existe algum tempo mínimo que define se o caso é ou não de ejaculação precoce? E quais são as conseqüências psicológicas de quem convive de perto com essa disfunção?

Para esclarecer estas e outras dúvidas, conversamos com o Doutor Sérgio Campanella, médico responsável pelos Projetos de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e especialista em transtornos de ansiedade, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo e com livro publicado na área de sexualidade. Se liga nos toques que ele deu:

B&G: Ejaculação Precoce tem cura? Quais são os tratamentos mais indicados?
Dr. Sérgio: Tem cura, com certeza. Os tratamentos com base na psicoterapia são os mais importantes, mas, além deles, os tratamentos medicamentosos também são um bom recurso para conseguir êxito. Uma combinação dos dois talvez seja o ideal para combater a EP.

B&G: Existe um tempo mínimo de duração da transa pra ser considerado EP?
Dr. Sérgio: Essa questão já foi alvo de vários estudos e de muitas publicações, mas atualmente não há nada que comprove a existência de um tempo mínimo para a relação sexual. As definições presentes na Associação de Psiquiatria Americana e na Organização Mundial de Saúde não falam em tempo, mas constam que a EP consiste no ato de o homem ejacular quando é exposto a estímulos mínimos antes, durante ou após a penetração.

B&G: Qual é o papel da mulher nos casos de EP?
Dr. Sérgio: A mulher tem um papel fundamental no combate dessa disfunção. Ter uma parceira compreensiva, interessada e envolvida com o problema faz toda diferença para o resultado do tratamento. É muito importante que a mulher pare de apenas cobrar um bom desempenho do homem e entenda que a questão é complexa.

B&G: A ingestão de álcool ajuda ou atrapalha no processo?
Dr. Sérgio: O álcool é uma armadilha e essa questão é bastante perigosa. Ele é depressor do sistema nervoso central e, por conta disso, são necessários mais estímulos para fazer chegar ao orgasmo. Mas o homem pode ficar dependente do álcool para ter as relações sexuais e ainda corre o risco de sofrer todos os efeitos colaterais do alcoolismo.

B&G: Os jovens tendem a ter mais ejaculação precoce?
Dr. Sérgio: Sem dúvidas. O número de jovens com a EP primária (ejaculação precoce desde a primeira relação sexual) é muito mais freqüente. No caso da EP secundária (quando o homem já teve relações sexuais longas, mas que, por algum motivo, passou a sofrer com ejaculação precoce), o número já é mais baixo.

B&G: Existe alguma posição sexual que favoreça ejaculações mais rápidas ou demoradas?
Dr. Sérgio: De fato, existem posições que podem ajudar ou atrapalhar. A posição com a mulher por cima e o homem deitado é a ideal para poder controlar e administrar o tempo da relação. Já no caso do “papai e mamãe” é justamente o inverso e as chances de haver EP são maiores.

B&G: O uso de preservativos ajuda ou atrapalha?
Dr. Sérgio: Essa é uma questão que faz parte do folclore e do senso comum. O uso de preservativos é importantíssimo por vários motivos, mas não existe nada que comprove a eficácia deles nesses casos.

B&G: Se masturbar antes da relação resolve o problema?
Dr. Sérgio: De modo algum. É outra lenda, um mito criado pelo senso comum e difundido pelos jovens. Uma masturbação pouco tempo antes pode até atenuar, mas não resolve o problema. Não existe nada que comprove isso cientificamente. A ejaculação precoce tem a ver com o medo de envolvimento e com questões psicológicas de ansiedade. Esses mitos não resolvem a questão.

E agora, tá mais tranqüilo pra tentar uma próxima vez? Depois dessas dicas, você vai lembrar rapidinho do que fazer na hora H.


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Lendas e verdades sobre a ejaculação precoce