Aproximadamente 20 mil pessoas já assinaram a petição criada para reivindicar às autoridades japonesas a libertação de Megumi Igarashi, conhecida como a “artista da vagina” e que foi detida no último sábado por distribuir material obsceno.
A petição, dirigida à polícia metropolitana de Tóquio e impulsionada através da plataforma Change.org, acumulava 18.976 assinaturas na manhã desta quinta-feira. A grande adesão por parte dos cidadãos reflete a grande polêmica em torno da prisão de Igarashi, que também ganhou espaço na imprensa internacional.
Igarashi, de 42 anos e também conhecida como Rokudenashi-ko (“menina má”), ganhou o apelido de “artista da vagina” por causa de suas esculturas e instalações de pop art inspiradas nas genitálias femininas.
A artista permanece detida desde o último sábado por causa de uma suposta distribuição de material obsceno e, em particular, por enviar dados digitais que permitiriam a reprodução de sua própria vagina com uma impressora em 3D.
Recentemente, Igarashi iniciou uma iniciativa de “crowdfunding” com o objetivo de financiar o projeto de um “kayak” em forma de vagina, campanha que, até o momento, já teria arrecadado um milhão de ienes (US$ 9,8 mil) entre 125 doadores, segundo dados da polícia japonesa.
A artista, que apresentou uma mostra com essa temática na capital japonesa no último mês de maio, alegou ter enviado os dados de sua vagina apenas aos doadores da campanha e afirmou que não considera o material obsceno.
Segundo a artista, que disse que recorrerá à justiça para se defender, seu objetivo é “desafiar os tabus” e “lutar contra a discriminação” sobre a sexualidade feminina na sociedade japonesa.
A petição criada na internet defende esses argumentos e, além disso, destaca que as “expressões” de Igarashi “não violam os direitos humanos” e “não são realizadas em espaço público”.
O código penal japonês proíbe a distribuição de materiais “obscenos”, embora não tenha uma definição exata para esta categoria.
Na prática, as reproduções de genitais humanos que aparecem em meios audiovisuais – por exemplo, na indústria pornográfica japonesa – são censuradas para evitar problemas legais.
De acordo com a imprensa local, se for considerada culpada, Igarashi poderia ser condenada a uma pena de até dois anos de prisão ou multada em US$ 24.769.