O japonês Iwao Hakamada foi libertado nesta quinta-feira (26) depois de 46 anos no corredor de morte após um tribunal decidir revisar seu caso ao levar em conta novas provas sobre o assassinato múltiplo pelo qual foi condenado.
Hakamada, o homem que mais tempo passou no corredor da morte no mundo, não mostrava expressão nenhuma ao deixar a prisão em Tóquio, onde foi recebido por sua irmã e esperado por vários meios de comunicação.
Horas antes, o Tribunal do distrito de Shizuoka (no centro do país) anunciou que analisará as últimas provas de DNA apresentadas pela defesa, que acredita poder demonstrar que ele é inocente do crime, que aconteceu em junho de 1966.
Hakamada, um ex-boxeador de 78 anos que sofre de uma doença mental, foi condenado à pena de morte em 1968.
Ao decidir revisar o caso, o juiz responsável disse ser “injusto” mantê-lo na prisão, ao considerar que “a possibilidade de sua inocência alcançou um grau considerável”, em declarações dadas à agência “Kyodo”.
A emissora pública “NHK”, que retransmitiu a saída da prisão ao vivo, revelou que o condenado não recebe visitas há quase quatro anos por causa de seu delicado estado mental.
Segundo um de seus advogados, quando ele foi avisado de que seria libertado “pareceu entender, mas não expressou nenhuma alegria com a notícia”.
Ele foi condenado por apunhalar até a morte o dono da pequena fábrica de missô em que trabalhava, a mulher dele e seus dois filhos, e depois incendiar a casa da família.
Durante o julgamento e em todos esses anos de prisão, Hakamada sempre se declarou inocente do crime e várias organizações de direitos humanos denunciaram que a investigação sofreu todo tipo de irregularidade.
O ex-boxeador disse ter sido coagido pela polícia a assinar uma confissão.
A Suprema Corte do Japão confirmou a sentença de morte em 1980, mesmo ano em que ele entrou com um pedido de um novo julgamento.
Já o último recurso, feito por seus parentes, se baseia nos resultados de exames de DNA, que mostram que as amostras de sangue recolhidas das roupas do assassino não correspondiam ao de Hakamada.
O presidente do tribunal, Hiroaki Murayama, aceitou o argumento e afirmou hoje que as mostras de roupa “não eram do acusado”, abrindo assim a possibilidade de realmente ter havido manipulação das provas.
É a sexta vez que um tribunal japonês decide reabrir o caso de um condenado à morte desde 1949, e dos outros cinco acusados quatro foram absolvidos.