Os impactos sociais, na saúde, no consumo e na segurança oriundos da legalização da maconha no Uruguai só poderão ser vistos e analisadas no longo prazo para obter críticas “aceitáveis”, conforme explicou nesta quinta-feira (03) Luis Yarzábal, presidente do Comitê Cientista Assessor Independiente criado pelo governo para avaliar a iniciativa.

Em entrevista à Agência Efe, Yarzábal alertou que, por conta das características do tema, “não haverá resultados no curto prazo”.

“Certamente, será necessário acompanhar os impactos disso no tempo e, como muitos destes impactos serão índole cultural, não serão vistos imediatamente. A avaliação deve ser feita no médio e longo prazos, que calculamos ser de cerca de cinco anos, para ter um resultado aceitável”, disse Yarzábal.

Ele, que é médico, pesquisador e educador, explicou que o comitê é formado por sete especialistas em temas médicos, sociais, legais e bioquímicos. Além disso, o grupo convocou 50 cientistas uruguaios e 12 estrangeiros para analisar em sua totalidade a iniciativa e suas possíveis consequências.

“Por enquanto, trabalhamos em seminários-oficinas buscando identificar e construir quais indicadores podem servir para monitorar bem todo o processo (…) Nisso avançamos, na formulação definitiva dos indicadores que devemos utilizar no processo”, indicou.

Yarzábal não quis adiantar quais serão estes indicadores a medir, já que o trabalho científico ainda “não foi concluído”. Contudo, ele afirmou que todos eles estarão prontos antes do início da aplicação da legislação a fim de ter “uma linha base” para que possa ser iniciada a comparação entre uma situação e outra.

Os estudos sobre a legislação serão realizados “enquanto a norma estiver vigente” e irão gerar recomendações que o comitê entregará ao governo “para que tome as decisões que quiser”.

A pesquisa será completamente livre, e os aspectos desejados poderão ser analisados sem interferência de lugar algum. Essa foi uma exigência dos cientistas para a participação.

Particularmente, Yarzábal apontou que a situação mundial do comércio de drogas tinha a necessidade de “inovar” nas políticas de controle de dano, pois a proibição “foi um fracasso geral”, e que, portanto, a legalização proposta pelo Uruguai “foi prudente e interessante”.

O Uruguai legalizou a compra e venda e o cultivo de maconha no final do ano passado, estabelecendo um instituto de regulação da droga que permitirá concessão de certificados de plantio doméstico e a compra em locais nos quais a maconha será controlada e autorizada pelo Estado. O objetivo da norma é combater o tráfico e melhorar a saúde dos consumidores através da regularização do mercado.


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Impacto de legalização de maconha será visto no longo prazo, diz especialista

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