A Igreja Ortodoxa Russa (IOR) condenou a exposição do pintor espanhol Pablo Picasso na cidade siberiana de Novosibirsk, onde acontece a mostra com mais de cem gravuras e litografias da erótica série “Suíte 347”.
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“A exposição se chama ‘Tentação’. Não sei para quem será uma tentação. As pessoas se queixaram para nosso ministro de Cultura, mas por enquanto ele não respondeu”, afirmou o arcebispo local, Tijon, citado nesta sexta-feira pela imprensa russa.
O religioso destacou que a mostra não foi bem aceita em outros locais e só foi aberta em Novosibirsk. “Esta exposição está proibida no mundo todo e até em Moscou não a mostraram”. O arcebispo ainda questionou os defensores das obras de Picasso: “Dizem que esta é uma exposição criativa e que iluminará a razão dos habitantes de Novosibirsk. Mas o que ela ilumina?”.
Tijon defendeu, em vez da exposição de desenhos eróticos, exibições sobre eventos históricos para os siberianos, como a batalha de Borodinó contra Napoleão (1812), no museu de Novosibirsk.
A exposição de Picasso inclui 105 gravuras das 347 da coleção “Suíte 347”, que foi pintada por Picasso entre março e outubro de 1968, quando o pintor já tinha 87 anos.
“Alguns espectadores dizem que estes são desvarios senis. Mas é preciso levar em conta o contexto histórico. O que são os anos 60: é o momento álgido da revolução sexual na Europa?”, disse Víctor Guitin, organizador da mostra. Para ele, “Picasso tentou não apenas contribuir para o protesto juvenil, como esteve a frente de seu tempo”.
A mostra, inaugurada em 15 de fevereiro e com encerramento previsto para 22 de abril, possui imagens com diversas pessoas nuas e cenas sexuais provocadoras.
“Trouxemos a Novosibirsk as 105 gravuras mais expressivas, provocadoras e eróticas”, afirmou Guitin. Em princípio, está previsto que a exposição de Picasso, muito apreciado pelos russos, siga para Tomsk e outras cidades.
“Suíte 347” é considerada pelos especialistas como o diário pessoal do artista no final dos anos 60, uma mistura de confissão autobiográfica e fantasia, já que o próprio pintor protagoniza muitas gravuras, disfarçado como fauno ou bufão.