Os humanos primitivos da África do Sul já fabricavam colchões à base de erva e plantas medicinais há 77 mil anos, 50 mil anos antes do que se achava, segundo um estudo realizado por uma equipe internacional de cientistas divulgado nesta quinta-feira (08).
Os restos vegetais foram descobertos nas escavações da caverna de Sibudu, na província de KwaZulu -Natal, pela equipe comandada pelo professor Lyn Wadley, da Universidade de Witwatersrand (Johanesburgo).
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Segundo os pesquisadores, são aproximadamente 50 mil anos mais antigos que outros exemplos conhecidos, por isso, coincidem com outros comportamentos que introduziu o homem moderno em sua vida cotidiana, como o uso de conchas e tecnologia de pedra.
Os especialistas destacam que modificar o espaço vital do habitat, incluindo o ambiente do dormitório, é um aspecto importante do comportamento e da cultura humana. Por isso, estes achados apresentam informações que eles consideram “fascinantes” sobre os primeiros humanos modernos no sul da África.
O professor Wadley e sua equipe encontraram em 1998 durante as escavações na jazida um material com pelo menos 15 camadas diferentes que continham restos vegetais.
Os cientistas confirmaram que se tratava de camadas compactadas de erva e de outras plantas que poderiam ter servido aos primitivos para se protegerem de mosquitos e outros insetos.
Vários dos restos de plantas fossilizadas encontradas foram identificados como pertencentes ao gênero “Cryptocarya“, da mesma família dos louros.
Membro da equipe científica, a botânica Marion Bamford, da Universidade de Witwatersrand, identificou restos da “Cryptocarya woodii“, cujas folhas trituradas emitem rastros de químicos que têm propriedades repulsivas aos insetos.
“A seleção dessas folhas para a fabricação do colchão indica que os primeiros habitantes de Sibudu tiveram um bom conhecimento das plantas que rodeavam sua caverna e seu uso medicinal”, explica Wadley.
Os pesquisadores acreditam que os habitantes da caverna colheram as sementes e plantas ao redor do rio Tongati e usavam as plantas não só para dormir, mas também para trabalhar sobre elas.
Uma análise microscópica revelou ainda que há cerca de 73 mil anos eles começaram a queimar as camas periodicamente, “provavelmente como uma forma de se desfazer de pragas”, destaca outro dos pesquisadores, Christopher Miller, professor de Geoarqueologia da Universidade de Tubingen (Alemanha).
O estudo será publicado na edição desta sexta-feira da revista “Science“.