A atitude mais normal de uma pessoa doente ou, pelo menos, com alguma suspeita, é procurar um médico, certo? Acontece que existem casos em que os pacientes não acreditam no diagnóstico clínico e vão em busca de uma segunda (terceira, quarta, quinta…) opinião. Não satisfeitas, essas pessoas passam a se automedicar.

Muito falada, mas pouco conhecida, a hipocondria é uma doença de difícil tratamento. Amanda Ramalho, integrante do programa “Pânico”, falou sobre o problema. “Se eu conheço uma doença nova já acho que estou com ela. Uma vez, uma pessoa me falou que tinha um tumor no cérebro. Comecei a sentir gosto de sangue na minha boca e achei que meu cérebro estava sangrando. Faço terapia a seis anos e minha psicóloga diz que eu sou muito pessimista”, diz.

Para descobrir tudo sobre o assunto, a gente entrevistou o psiquiatra Dr. Luiz Carlos Figueira de Mello, do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.

B&G – O que, exatamente, é a hipocondria?
Dr. Luiz – Hipocondria é um transtorno emocional descrito pelos códigos de transtornos mentais. Os hipocondríacos sentem que têm sempre algum problema físico. Acham que têm doença cardíaca, problema intestinal crônico, alguma doença não identificada. Procuram constantemente os médicos e não se convencem, mesmo quando os exames dão negativo.

B&G – Então, achar que hipocondria é vício em remédio é errado?
O vicio em remédio é decorrente, secundário à hipocondria. O paciente acha que tem uma doença e começa a se medicar, sempre procurando uma doença.

B&G – Como é diagnosticada a doença?
Dr. Luiz – diagnóstico é clinico. Não existem exames laboratoriais para comprovar. É um transtorno emocional, como o transtorno de pânico. É uma doença.

B&G – Qual o tratamento?
Dr. Luiz – Terapia Cognitiva Comportamental.

B&G – É possível uma pessoa perceber que é hipocondríaca?
Dr. Luiz – Na maioria das vezes não.

B&G – Existe uma determinada faixa etária em que é mais comum a hipocondria?
Dr. Luiz – Não. Pode atingir pessoas de qualquer idade, da infância até a idade adulta. A média é de 15 até 35 anos. São os adolescentes e jovens adultos. As pessoas começam a ter a doença cedo. Mas, não tem muita especificidade.

B&G – A família de uma pessoa hipocondríaca pode ser afetada?
Dr. Luiz – Indiretamente sim, porque a família pode ser envolvida emocionalmente, achando que a pessoa realmente tem algo. Mas isso é desmascarado com os diagnósticos médicos.


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Hipocondria: um vício pra lá de diferente