A habilidade de lançar objetos com o braço, que apareceu pela primeira vez há dois milhões de anos, foi essencial para a evolução do ser humano pois melhorou sua capacidade para a caça, informou um estudo publicado nesta quarta-feira (26) no site da revista “Nature“.
De acordo com a pesquisa, liderada por Neil Roach, da Universidade George Washington dos Estados Unidos, esta habilidade é derivada de uma série de mudanças anatômicas detectadas pela primeira vez no Homo erectus, há aproximadamente dois milhões de anos.
Nessa época, o corpo mudou de modo a aumentar a geração de energia na área do ombro, facilitando a evolução da técnica de lançamento.
Segundo os pesquisadores, nesse período houve um aumento da atividade de caça e, em sua opinião, a aquisição da capacidade de lançar objetos transformou esses hominídeos e as gerações procedentes em melhores caçadores.
Desta forma, esta habilidade pode ter sido essencial para o ser humano, inclusive muito antes da invenção, relativamente recente, das lanças e dos arcos, afirmam.
A equipe de pesquisadores americanos se propôs a fazer uma análise biomecânica da capacidade do ser humano de arremessamento a fim de explicá-la do ponto de vista evolutivo.
Como parte do estudo, fizeram um acompanhamento de 20 jogadores profissionais de beisebol e concluíram que certas características anatômicas herdadas que permitem o armazenamento e a liberação de energia elástica à altura do ombro são fundamentais para a habilidade de lançamento com força e precisão.
Os autores do estudo afirmam que o próprio Charles Darwin, pai da teoria da evolução das espécies, já havia sugerido que a liberação dos braços nos antepassados do ser humano e sua conversão em bípedes lhes permitiu caçar mais eficazmente, usando projéteis.
Roach e sua equipe advertem, no entanto, que, apesar da habilidade única dos humanos de lançamento com força e velocidade usando energia elástica ter sido muito importante para os caçadores primitivos, a excessiva repetição do movimento pode resultar em lesões graves.
Neste sentido, mencionam os riscos corridos pelos lançadores modernos, por exemplo em esportes como o beisebol e o críquete, nos quais os jogadores sofrem frequentemente distensões e entorses de ligamentos e tendões nos ombros.