Gisela Rao


Créditos: Thiago Oliveira

Quem?!?! Escritora, jornalista e publicitária

Gisela: Eu comecei a rir! Esse nariz é meu, estou com ele há 46 anos, podia ter operado mas não quis. E ele acha que vai derrubar a minha auto-estima dizendo que eu tenho um napão? Entendeu? Isso é auto-estima. Mas o que é não ter auto-estima? É um vicio, as pessoas são viciadas em se auto-depreciar.

BLOG

Emílio: como começou o projeto do seu livro?

Gisela: Eu estava no limbo mesmo. Era aquela situação, você faz 44 anos e você não tem marido próprio, não tem casa própria, não tem poupança própria e pensa “e agora, meu?” Então, eu já tinha esse projeto na gaveta e montei o blog “Vigilância da Auto-estima”.

Emílio: Que é o seu blog?

Gisela: Que é o meu blog, que tem dois anos. E teve mais de dois milhões de acessos.

Pior: Ai que benção!

Carioca: Então, quem ‘tá ferrado’ vai lá? Qual que é ‘a pega’ do seu blog?

Gisela: Quem mais leva gente pra lá é o ‘Lord Google’, né! Gente que procura por auto-estima.

Carioca: Então quem procura por auto-estima cai lá.

Gisela: Cai lá!

Carioca: E você trabalha só com auto-estima?

Gisela: Nesse blog?

Carioca: É.

Gisela: Sim, mas é que a auto-estima é uma palavra meio gay, né.

Carioca: É uma palavra que muita gente tem repulsa às vezes.

Gisela: É muito pejorativo, né. Então o que eu quis fazer, foi parar de me auto-depreciar, porque é isso que detona as pessoas. Na verdade são três coisas, parar de me depreciar, síndrome de vítima – aquela pessoa “ninguém me ama”, “não sirvo para nada” – e também parar com as listas de infelicidade – aqueles emails “perdi o marido”, “perdi o emprego”, “minha vida ferrou”. Daí eu resolvi parar com essas coisas, ver o outro lado da moeda. As coisas não podem ser tão ruim assim. Nessas o povo começou a vir junto, 90% mulher.

MULHERES

Pior: Existe até uma teoria: toda mulher que está lendo auto-ajuda é porque levou um pé. A mulher que está bem com o seu homem não lê auto-ajuda.

Gisela: Lógico!

Pior: Quando você vê uma mulher lendo auto-estima no aeroporto é só o cara chegar e levar, porque ela está frágil. Fica a dica! Auto-estima é sinônimo de levei um pé e estou precisando de alguém.

Gisela: Ou o relacionamento está muito ruim, ela está com aquele cara meia-boca total e ela não sabe largar, porque mulher quando fica sozinha acha que é sinônimo de ‘eu sou ninguém’. O homem é o ISSO 9000 da mulher brasileira, se você não tem um homem, você não tem valor.

Emílio: Então se a mulher não tem um homem, ela está desvalorizada no mercado?

Gisela: Na cabeça dela, né.

AUTO-ESTIMA

Silveirinha: Mas o que é auto-estima afinal de contas? Porque esse papo está tão confuso na minha cabeça. Porque quando você está falando de auto-estima, parece que está ligado a felicidade. Mas o que eu enxergo sobre auto-estima é o meio termo, uma hora você está feliz, em outra hora você pode estar triste.

Emílio: Mas eu acho que auto-estima não é isso de estar alegre ou triste. Auto-estima é a avaliação que você faz de você mesmo. Por exemplo, eu me acho um cara bonito…

Amanda: isso é auto-afirmação, Emílio.

Silveirinha: É auto-afirmação, você quer provar isso.

Emílio: Mas é a avaliação que eu faço de mim.

Gisela: Deixa eu dar um exemplo. Eu convivo há 46 anos com esse ‘napão’ que Deus me deu.

Pior: É italiano, é chique!

Gisela: Italianaço! Nuca quis operar porque ele é meu e ‘é nóis’. Aí um cara se interessou por mim em um bar, a gente trocou email e tal. Daí eu entrei no Google para ver quem que era o cara e, assim, o blog dele era aterrorizante. E eu fiquei com medo de sair com o cara, juro. Daí eu dei uma desculpa, falei que não ia dar e tal. Cinco minutos depois ele mandou o seguinte email “Tudo bem, o seu nariz não era muito encantador mesmo.”

Amanda: Aí você chorou.


int(1)

Gisela Rao

Sair da versão mobile