O turismo e, em grande parte, a economia das equatorianas Ilhas Galápagos dependem da sobrevivência das tartaturas gigantes, 11 espécies que são o símbolo do arquipélago e cuja população, com os anos, caiu de 250 mil para apenas 20 mil exemplares.

Franklin Chicaiza, cuidador do centro de criação Jacinto Gordilho, na ilha de San Cristóbal, sabe bem disso e dedica toda a sua atenção aos cuidados desses animais, que alimenta, observa e até conta diariamente para ter certeza de que não falta algum.

Com seu andar lento, duas enormes tartarugas se aproximam dele assim que escutam o ranger das grandes, frescas e suculentas folhas, que começam a comer com toda a calma do mundo.

São tartarugas da espécie Geochelone Chatamensis, própria da ilha, levadas para esse centro, em um lugar chamado Cerro Colorado, como parte do programa de reprodução e criação pensado para sua recuperação.

“O objetivo do centro é preservar a população de tartarugas e que a comunidade da ilha conheça e aprecie o que tem”, um patrimônio que “é preciso ajudar a proteger para a atual e as futuras gerações”, comentou à Agência Efe Chicaiza.

E os habitantes da ilha vulcânica ganharam consciência do valor das tartarugas, um dos principais atrativos do arquipélago junto com os leões-marinhos, as iguanas e dezenas de espécies de aves, entre outros animais.

Sem o apoio dos habitantes do arquipélago, aliás, não seria possível aumentar a população de tartarugas. “Antes, os pescadores e outras pessoas comiam as tartarugas. Cerca de 30 anos atrás se comia tartaruga frita, fazia-se óleo de tartaruga, mas hoje as pessoas são conscientes de que é preciso proteger a flora e a fauna, porque o turismo depende disso”, comenta.

O arquipélago é um dos núcleos turísticos mais importantes do Equador, cujo governo quer dar um novo impulso ao setor com muitos investimentos para multiplicar o número de visitantes que chegam ao país, estimado em cerca de 1 milhão entre janeiro e setembro deste ano, segundo números oficiais.

O número de espécies de tartaruga na ilha caiu com o tempo, de 14 para 11, segundo dados do Parque Nacional Galápagos, que supervisiona os programas de criação e reprodução de Cerro Colorado e da Ilha de Santa Cruz, na ilha Isabela, na ilha Floreana e em outras instalações da instituição.

A caça e a depredação humana, as erupções vulcânicas e a depredação por cachorros, porcos e ratos foram reduzindo pouco a pouco a população dos quelônios.

Por isso, além dos trabalhos de conservação e criação de tartarugas, foram iniciados programas de reprodução em cativeiro, como o que é realizado em San Cristóbal, onde em 2005 nasceu “Gêneses”, a primeira das 65 tartarugas que chegaram ao centro graças a esse método, das quais 59 sobreviveram.

Para isso, há duas incubadoras doadas pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional ao Desenvolvimento (AECID), embora hoje apenas uma funcione, explicou Chicaiza, que disse que o programa não obteve “o sucesso que deveria ter tido” e que será necessário fazer algumas melhorias na câmara onde estão instaladas essas equipes para melhorar seus resultados.

Atualmente, em Cerro Colorado há cerca de 100 tartarugas que são medidas, marcadas e observadas durante seu crescimento, até que alcancem um tamanho bom para voltarem a suas regiões de origem.

Todas menos “Gêneses”, que permanecerá a vida toda no local para poder determinar a idade que pode alcançar uma tartaruga em cativeiro e também como símbolo da “galapaguera”.

O viveiro é parada obrigatória pelos turistas, que gostam de sua singularidade. “Já está ficando famosa”, comenta sorridente o cuidador.

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Galápagos e o resgate das tartarugas gigantes

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