Em uma sociedade com informações novas a todo instante, aprender mais rápido e melhor pode fazer toda a diferença. O primeiro passo para entender os mecanismos de aprendizagem no cérebro é entender que memória e aprendizagem são conceitos distintos e complementares, ou seja: memorizar não significa exatamente aprender.
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Você aprende algo novo quando é capaz de responder a um determinado estímulo a partir de experiências anteriores (memórias).
A neurocientista do SUPERA – Ginástica para o Cérebro, Livia Ciacci, explica que ainda é comum falar sobre os estilos de aprendizagem na área da educação uma teoria de David Kolb no início dos anos 70 e diz que cada um teria uma forma de aprendizagem mais eficaz de acordo com o uso dos sentidos.
“Na neurociência, cada vez mais verificamos evidências de que a organização do cérebro integra informações provenientes de todos os canais sensoriais, de forma cooperativa, para então criar uma visão da realidade. Assim, as experiências multissensoriais potencializam as percepções, facilitando os processos de consolidação e recuperação das memórias”, explicou.
Como isso acontece no cérebro?
O processamento multicanais (usando visão, audição, motricidade, etc.) permite a distribuição da carga cognitiva, melhorando a memória a curto-prazo e sua posterior consolidação em memória de longo-prazo.
Pensar dessa forma faz mais sentido, porque o cérebro evoluiu sempre em ambientes multissensoriais, lidando e recebendo estímulos por todos os sentidos ao mesmo tempo. “Nesta lógica, priorizar ou escolher apenas um jeito de receber informação não é muito produtivo, como se eu estivesse utilizando um aparelho 220V em uma tomada de 110V”, alertou Livia Ciacci, neurocientista do SUPERA, Ginástica para o Cérebro.
Mas é claro que focar no aprendizado com todos os sentidos exige mais atenção, e não cair na tentação de sempre buscar conteúdo do mesmo jeito. Será que você está acomodado preferindo sempre um mesmo canal sensorial?
Faça o teste e descubra o canal sensorial que precisa ser estimulado:
Primeiro passo da aprendizagem – Receber a nova informação:
1 – Prefiro presentes:
a. bonito
2 – Memorizo mais quando:
a. lendo b) ouvindo c) fazendo
3 – Na maioria das vezes estou:
a.
4 – Ao comprar, procuro:
a. observar o produto b) ouvir o vendedor c) experimentar/testar
5 – Quando em excesso, me irrito com:
a. claridade
6 – Em um filme, fico mais atento a:
a. cenários
7 – Me animo mais quando:
a. me mostram b) me falam c) me convidam
Se suas respostas foram:
- Maioria letra A: Você foca mais atenção ao captar informações pelo visual. Tente alternar a atenção percebendo também os sons e trabalhando o tato por meio do movimento.
- Maioria letra B: Você foca mais atenção ao captar informações pela audição. Tente alternar a atenção percebendo também o visual, cores e trabalhando o tato por meio do movimento.
- Maioria letra C: Você é mais cinestésico e foca no movimento. Se trata de um estilo que já integra várias informações corporais, apenas procure incluir mais dados visuais e auditivos.
Segundo passo da aprendizagem – significado – emoção e repetição
O cérebro não registra informações soltas, ele precisa ligá-las a algo que já é conhecido. O conhecimento nunca é “empurrado” para o cérebro, só o que “faz sentido” será sugado pelo cérebro. Neste sentido, o aprendizado depende de três fatores citados pela Neurocientista Suzana Herculano-Houzel:
Repetição: é o fator que provocará as mudanças sinápticas nas células neuronais que então irão implementar a nova maneira de agir e pensar. Quando esquecemos algo aprendido é porque não repetimos e usamos o suficiente para o cérebro entender que aquilo é relevante!
Retorno negativo: fator que informa quando se erra e é preciso tentar de novo de outro jeito.
Retorno positivo: fator que sinaliza quando se fez a coisa certa que deve ser repetida.
O que nos levará a continuar tentando apesar dos erros naturais do aprendizado são o retorno positivo e a expectativa de acertar da próxima vez. Por isso o incentivo dos educadores é tão importante!