As moscas que buscam sexo e são rechaçadas pelas fêmeas estão muito mais propensas a consumir álcool que seus pares satisfeitos, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira (15) pela revista “Science“.
“Durante muito tempo as moscas drosófilas (conhecidas também como moscas-da-fruta) foram usadas como modelo para o estudo do alcoolismo”, explicou à “Agência Efe” a neurobióloga chilena Ulrike Hebertein, da equipe da Universidade da Califórnia que realizou os experimentos.
O estudo liderado por Galit Shohat Ophir, do Departamento de Anatomia da Universidade da Califórnia, ajuda a entender melhor uma “área de recompensas” no cérebro que pode ter implicações na dependência.
“Sabemos que quase 50% da propensão ao consumo de álcool está ligada aos genes, mas as experiências na vida também afetam o consumo humano de álcool”, acrescentou.
Para determinar o grau no qual as experiências estressantes podem levar a um elevado consumo de álcool, pelo menos nas moscas, os cientistas decidiram expor os machos à “rejeição sexual das fêmeas” durante uma hora três vezes por dia e durante quatro dias.
Para comparar os resultados, outro grupo de machos foi eleito para receber a companhia, cada um deles, de cinco moscas virgens e amplas oportunidades para acasalar.
“Depois comparamos o consumo voluntário do álcool em ambos grupos. Constatamos que os machos rechaçados pelas fêmeas mostraram uma preferência notável pela comida com 15% de álcool, em detrimento da comida normal”, continuou Ulrike.
“Essa diferença no consumo de álcool continuou por vários dias”, comentou a pesquisadora.
A vida média das moscas drosófilas é de 26 dias para as fêmeas e 33 dias para os machos, de modo que uma propensão ao alcoolismo por “vários dias” pode representar uma porção significativa na vida desse inseto.
Para uma comprovação adicional do impacto da rejeição sexual na propensão ao consumo de álcool, Ulrike e os outros pesquisadores separaram os machos frustrados em dois subgrupos, e a um deles foi permitida a companhia de moscas virgens durante duas horas e meia.
“A preferência pelo álcool foi notavelmente menor no subgrupo de machos primeiro rechaçados e depois colocados na companhia das fêmeas”, destacou o artigo.