Marcha da Maconha 2012
Pessoas que fumam maconha com frequência antes de completar 18 anos podem sofrer lesões permanentes na inteligência, além de afetar a memória e a capacidade de concentração, segundo novo estudo publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS).
O estudo, dirigido por Terrie Moffitt e Avshalom Caspi, psicólogos da Universidade de Duke e do Instituto de Psiquiatria do Kings College de Londres, seguiu a evolução de um grupo de 1.037 crianças nascidas entre 1972 e 1973, em Dunedin (Nova Zelândia), até elas completarem 38 anos.
Durante a pesquisa, aqueles que começaram a fumar maconha na adolescência e continuaram consumindo na vida adulta, tiveram uma diminuição no quociente intelectual (QI).
Ao comparar a capacidade intelectual de usuários e não usuários, a redução foi de oito pontos em uma escala de 100.
Segundo Madeline Meier, da Universidade de Duke e uma das principais envolvidas na pesquisa, deixar de usar maconha em certo ponto da vida não reverte os efeitos já causados.
A chave do estudo está na idade em que se começa a consumir a droga com relação à etapa de desenvolvimento do cérebro. Segundo Meier, os que não consumiram maconha até a idade adulta, quando o cérebro já está totalmente formado, não demonstraram queda de rendimento e nem de concentração.
A especialista explicou que antes dos 18 anos o cérebro está em fase de desenvolvimento, ficando mais vulnerável aos danos que as drogas provocam, por isso que a maconha, neste caso, também afeta os jovens.
“A maconha não é inofensiva, especialmente para os adolescentes”, ressaltou Meier.
Aproximadamente 5% dos participantes foram considerados dependentes ou consumiram a droga mais de uma vez por semana antes dos 18 anos. Vale lembrar que os pesquisadores consideram dependentes aqueles que continuam fumando maconha apesar de saber dos problemas de saúde e sociais que a droga pode causar.
Ao completarem 38 anos, todos os participantes do estudo foram submetidos a testes psicológicos de memória, rapidez mental, raciocínio e poder de concentração. Os piores resultados, segundo os especialistas, foram entre aqueles que utilizaram a maconha de forma habitual na adolescência.
O psicólogo Laurence Steinberg, da Universidade de Temple (EUA), que não está vinculado ao estudo, destacou que se trata de um dos primeiros estudos que distingue os problemas cognitivos causados pela droga.
Steinberg assinala, além disso, que este estudo ressalta a “vulnerabilidade” da adolescência e demonstra o que já havia sido detectado em cobaias animais.