Camisetas com o rosto de Hitler, campanhas publicitárias usando a imagem do ditador alemão, festas escolares com temática nazista e políticos que cumprimentam o Führer no parlamento são alguns exemplos de simbologia nazista que criaram polêmica na Tailândia.
A última discussão sobre a figura do ditador alemão no país surgiu quando um jornalista britânico, estabelecido há anos em Bangcoc, publicou no Twitter o descobrimento de um restaurante de fast-food chamado “Hitler Fried Chicken”.
O local tem as cores e a estética da conhecida franquia “KFC” e criou seu logotipo com a imagem de Adolf Hitler fantasiado com gravata borboleta e avental, assim como no logo protagonizado pelo Colonel Sanders.
A companhia dona dos direitos comerciais da franquia indicou que o KFC estuda processar o estabelecimento tailandês, ainda que a imprensa local tenha colocado em dúvida a existência do restaurante após atribuir as imagens a uma piada de mau gosto do site de humor “Amusing Thailand”.
No popular mercado de Chatuchak, em Bangcoc, que recebe dezenas de milhares de turistas nos finais de semana, não é raro encontrar entre os estandes bandeiras ou adesivos com o estandarte da Alemanha Nazista.
Nas barracas de comércio de rua e até em lojas de shoppings da capital tailandesa é possível comprar camisetas que trazem a figura do líder nazista misturada com ícones da cultura contemporânea, como o palhaço Ronald McDonald ou os Teletubbies.
É frequente encontrar jovens tailandeses nas ruas vestindo camisas estampadas com a suástica, símbolo que o nazismo tomou emprestado das religiões budista e hinduísta.
Há dois anos, um colégio católico da cidade de Chiang Mai, no norte do país, teve que pedir desculpas depois que alguns alunos chegaram a uma festa escolar vestindo roupas do exército nazista, enquanto a jovem que liderava o grupo estava fantasiada de Adolf Hitler.
“A educação pública tailandesa promove doutrinas centradas em um futuro de pesado trabalho manual. São dadas mais aulas sobre culinária, agricultura e carpintaria do que sobre a história dos eventos do século 20”, afirmou à Agência Efe Boong Chayanee, professora em um centro tailandês.
Há algumas semanas, durante a cerimônia de graduação da prestigiada Universidade de Chulalongkorn, onde estuda a elite tailandesa, um grupo de alunos pintou um mural onde o ditador alemão aparecia junto de heróis dos quadrinhos como Batman, Capitão América e Superman.
A ONG de direitos humanos The Simon Wiesenthal Center afirmou em comunicado que estava “horrorizada e angustiada pelo silêncio da universidade ao exigir-lhes a retirada do mural”, colocado próximo da faculdade de história, ao lembrar o genocídio judeu ordenado por Hitler.
O parlamentar Boonyod Sukthinthai do Partido Democrata, antes de ser expulso da câmara legislativa, dedicou ao presidente do parlamento três saudações “Heil Hitler”.
Boonyod acusou o moderador da assembleia de comportamento “ditatorial e totalitário”, após negar-lhe o uso da palavra em várias ocasiões.
A imagem do Führer saudando as pessoas que se dirigiam à Pattaya, a 200 quilômetros ao sudeste de Bangcoc, foi utilizada pelo museu de cera desta cidade litorânea para promover-se durante vários meses em 2009.
Em 1994 o filme “A lista de Schindler”, dirigido por Steven Spielberg e ganhador de sete estatuetas do Oscar, esteve perto de ser censurado pelas autoridades tailandesas por causa de uma cena de nudez.
O filme, que narra os esforços de um industrial alemão para salvar mais de mil judeus do terror nazista na Segunda Guerra Mundial, foi qualificado como “propaganda sionista” nos países vizinhos Indonésia e Malásia, ambos de população de maioria muçulmana.