As esculturas de areia que representam a mulher brasileira na praia de Copacabana ficaram mais recatadas e passaram a “usar” saias no lugar dos minúsculos biquínis em respeito à presença do papa Francisco, que virá ao Rio de Janeiro para participar da programação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
A ideia de deixar as esculturas mais comportadas foi do próprio autor. Ubiratan dos Santos trabalha há 20 anos nas areias da praia mais famosa da capital fluminense esculpindo as formas da forma mulher “perfeita”, como diz.
Ele lembra que havia outro escultor na praia, mas não achava que as esculturas do precursor representassem “de verdade” a mulher. “Queria fazer a mulher perfeita, sabe? Aquela que a gente olha e gosta”, explica o artista das areias.
Mas a chegada do pontífice à cidade fez o artista repensar a forma e decidir deixar suas criações um pouco mais comportadas. “Seria uma falta de respeito o papa passar pela praia e ver as mulheres de biquíni”, considera Santos. “Então, eu achei melhor cobrir por uma questão de respeito. Nós temos que respeitar”.
Quem passava pelo calçadão se surpreendia com a novidade. “Acho que é importante porque tira um pouco esse símbolo da sexualidade da mulher. Acho que tem que colocar uma saia. Deixar ela mais bonita”, avalia a turista Ângela Marques. Ao lado da filha, ela aproveitou para tirar fotos das obras de areia localizadas na orla.
O respeito, no entanto, não se limitou ao novo acessório. Santos destruiu as outras cinco esculturas femininas e deixou apenas uma para contar história. “Antes eram seis mulheres, e estou pensando em tirar a ‘mártir'”, conta o artista, ao mesmo tempo em que revela o apelido que deu para a única sobrevivente enquanto considera se vai mantê-la ou não.
A obra, aliás, destoa do conjunto de esculturas elaboradas com areia e água do mar em homenagem à JMJ. Ao lado dela, estão uma representação do papa Francisco, outra do Cristo Redentor, uma da Nossa Senhora Aparecida ainda em construção, e mais uma de Raul Seixas, que também foge do conjunto católico.
“Destruí as esculturas ontem”, revela Santos sem transparecer preocupação pela destruição da sua arte. Talvez porque leve cerca de 20 minutos para esculpir mulheres de areia. A escultura do pontífice, ao contrário, exigiu mais tempo. “Foram quatro horas até ficar pronta”, lembra.
Até o início da Jornada Mundial da Juventude, que será realizada de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro, Santos provavelmente já terá decido se mantém a escultura comportada ou se a substitui por outra mais ortodoxa.