Emicida
Quem?!?! Rapper
PÂNICO!
Emílio: A gente tava conversando aqui, Boleta, e ele disse que ouve o Pânico já há muito tempo.
Bola: É mesmo?
Emicida: Ouço. Eu trabalhava em um ateliê de artesanato e então, ao meio dia, a gente parava só para ouvir o Pânico.e ficava até acabar.
Bola: Pô, obrigado!
Pior: Onde era isso?
Emicida: Isso era lá na Zona Norte.
Emílio: E aí, às 2 da tarde, o dono da “bagaça” lá colocava no Eli Correa.
Emicida: No Eli Correa com as histórias tristes do mundão. Primeiro a gente ria duas horas e depois chorava duas horas.
Emílio: O Eli Correa tem umas histórias tristes ali, né. Daquelas cartinhas que ele recebe.
Emicida: Tem! O maluco eram as interpretações. “Meu irmão morreu atropelado e eu gritava: ‘Cuidado!’”
Pior: Bem infância da Amanda.
INÍCIO DA CARREIRA E INFLUÊNCIAS
Emílio: E como é que você partiu para música e para o Hip-Hop?
Emicida: Cara, o lance da música sempre esteve presente na minha vida de alguma maneira. Meu pai era DJ, então eu escutei muitas músicas com ele e com a minha mãe, que ajudava a organizar uns bailes.
Emílio: Onde ele tocava?
Emicida: Tocava em uns bailes de bairro mesmo, baile de vila. Tinha bastante no finalzinho dos anos 80 e começo dos anos 90. Meu pai discotecava nesses bailes aí e eu comecei a ouvir música com ele. Mas eu acabei dando uma distanciada e só voltei a pensar em música em 1997. Quando saiu o Planet Hemp, “Os Cães Ladram e a Caravana Não Para”, e os Racionais Mc’s também. Comprei essas duas fitas e pirei no som. E aí eu comecei a escutar, a fazer umas “paradas” brincando, ia mostrando para uns camaradas e quando eu percebi eu já estava no meio dos caras que faziam música também.
Emílio: Então a sua inspiração vem de Racionais e tal. Já vem daquilo que na época se chamava “Rap Nacional”.
Emicida: Sim, é uma das maiores influências que eu tenho até hoje. Mas eu nunca fui muito limitado de escutar só Rap, sempre ouvi de tudo.
Emílio: O que mais você gosta além do rap?
Emicida: Cara, eu ouço muito samba, ouço Rock pra caramba. Na minha casa eu era um dos caçulas, então eu nunca tinha o direito de mandar no rádio. Daí eu escutei um pouco do gosto de todo mundo em casa.
BATALHAS DE RAP
Emílio: Quando foi que você se profissionalizou e virou o Emicida?
Emicida: Isso aí, de virar o Emicida mesmo, acho que foi em 2003. Mas a coisa começou a tomar um volume e a virar trabalho mesmo entre 2005 e 2006. Porque eu comecei a me envolver mais nas batalhas de “Freestyle”, que é o lance dos duelos de rima. Eu comecei a ganhar vários e frequentar todos os campeonatos – um em uma cidade no interior aqui, outro no Rio de Janeiro. E foi a partir daí que o meu nome começou a “bombar” mesmo.
Emílio: O “Freestyle” é aquele que o cara dá um tema e você tem que fazer uma música, né?
Emicida: Sim, tem o com tema e tem “Freestyle” da batalha de “Freestyle” mesmo. Que é um cara zoando o outro.
Emílio: Um cara zoando o outro cara…
Sim: Você tem 45 segundos pra zoar o cara, que também terá mais 45 segundos para zoar você também.
Bola: Quem zoar melhor ganha o “bagulho”.
Silveirinha: O Eminem fazia muito isso.
Emicida: É, o Eminem veio das batalhas de “Freestyle”.