Ela mora no Morumbi e tem motorista particular. Você vive na periferia e quem define o seu destino é o motorista do ônibus. Ela já conheceu o mundo e adora jantar em restaurantes caros. Você só conhece o caminho de casa e prefere um choppinho com os amigos. Ela faz faculdade de Medicina e quem paga são os pais dela. Você teve que ralar pelo menos dois anos inteirinhos pra conseguir entrar em uma universidade pública. E aí? Isso pode dar certo?

É claro que uma situação como a descrita acima pode ser um pouco difícil de acontecer, mas como será que pessoas de classes sociais diferentes vivem no dia-a-dia: com o tempo as diferenças se acentuam e o relacionamento acaba, ou o amor consegue sobreviver às exigências do mundo capitalista?

“Antes de eu namorar com ele, eu sabia que éramos de níveis diferentes. Por mim, não tinha problema nenhum e, muitas vezes, nem rolava aquela história careta de cavalheirismo: se eu queria sair com ele, eu mesma pagava a conta”, afirma a estudante de fisioterapia Ellen Couto, 22.

A estudante revela, no entanto, que enfrentou muitos problemas e que existia preconceito até mesmo dentro da própria casa. “Meus pais não aprovavam o namoro. Por mais que eles não falassem, dava pra perceber só pelo jeito que eles tratavam meu namorado. No começo, foi muito difícil, mas agora as coisas começaram a se encaixar”, diz.

Por mais que a pessoa que tenha mais dinheiro seja paciente e tolerante, quem está do outro lado da história e namora alguém mais rico muitas vezes não fica tão à vontade assim no relacionamento. É o caso do publicitário Fernando Calisto, 24. “Todo fim de mês era a mesma história: eu ficava desesperado com tantas contas pra pagar e começava a inventar um monte de desculpas para não ter que sair de casa. E quando ia retirar o extrato pra ver meu saldo no banco? Nem tinha aonde enfiar a cara”, diz.

Ele ainda afirma que casos como o dele podem terminar em decepção. “Tentei manter o padrão de vida que ela tinha com a família dela, mas com o tempo isso foi ficando muito complicado. A gente já namorava por quase dois anos e, quando achei que ela ia me apoiar, levei um fora tremendo e percebi que ela não gostava tanto assim de mim”, revelou.

Por isso, talvez seja melhor pensar duas vezes antes de embarcar em um rolo desses. Por mais que valha a pena apostar no amor, o preço que se pode pagar por um “pé na bunda” pode ser alto demais.


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Ê, dureza! Ficar com alguém mais rico dá trabalho?

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