Quarta passada foi um dia histórico. Depois de um rolê espacial que durou mais de 10 anos, o robô Philae aterrissou no cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko, a mais de 6 bilhões de km de distância da Terra e ao custo de US$ 1.6 bilhões.
Foi a primeira vez que uma nave construída pela humanidade pousou em um cometa.
Bem, pousou talvez seja um exagero, foi mais para a gente capota mas não breca. O robô quicou três vezes depois que seus propulsores de freio e arpões de ancoragem falharam, mas o importante é chegar. Dá uma olhada na primeira foto do Philae no cometa:
O Philae voou até o Churyumov-Gerasimenko acoplado no lombo da sonda Rosetta, operada pela European Space Agency (ESA, Agência Espacial Europeia, em inglês). Um feito digno de ficção científica e que pode resultar em informações que ajudariam cientistas a entender de onde viemos e para onde vamos.
Por outro lado, surgem preocupações. O Churyumov-Gerasimenko é um belo pedaço de pedregulho espacial gigante. Ele tem mais de 4 km de extensão e vales, montanhas e planícies de beleza nunca vista por olhos terrenos. Sim, podem esperar, não tardará até que a especulação imobiliária atinga os confins da galáxia.
Mas não se aflija, querido leitor. Dessa longa viagem para uma nova vizinhança hypada você vai escapar.
Listamos, abaixo, três motivos porquê visitar o 67P / Churyumov-Gerasimenko é uma roubada de outro mundo.
1. A Música.
Dias antes do Philae pousar no Churyumov-Gerasimenko, a Rosetta registrou oscilações no campo magnético do cometa que criavam um som numa frequência abaixo da capacidade humana de audição. O pessoal da ESA entregou essas informações para o compositor alemão Manuel Senfft, que imaginou a música do corpo celeste assim:
https://soundcloud.com/esaops/a-singing-comet#t=0:00
Animador, né? Se você for fã de Aphex Twin ou de som ambiente, talvez. Para quem prefere ouvir música em outras situações que não dormir, nem um pouco.
2. O cheiro.
No final de outubro, a Rosetta já orbitava o Churyumov-Gerasimenko e trabalhava sem descanso em busca de dados sobre o cometa. Uma das suas descobertas foi, digamos, curiosa.
Os potentes espectrômetros da sonda captaram o cheirinho desta pedra já tão querida. Uma deliciosa mistura de ovos podres, com um toque de estábulo, traços de amônia e formol para finalizar.
Do ponta de vista científico, as substâncias presentes no cometa são indícios da formação do universo. Do ponto de vista das ruas, melhor ficar longe.
3. O colega.
O figura aí de cima é o cientista inglês Matt Taylor, um dos responsáveis pela missão. Ele teve a brilhante ideia de se vestir assim no provável dia mais importante da sua carreira.
Veja a estampa em detalhes:
Sem entrar no mérito estético do quanto a camisa é feia, a veste do Dr. Matt gerou muita discussão na internet por conta da misoginia implícita. Além disso, foi uma prova cabal de como alguns ambientes de trabalho ainda são hostis com mulheres.
Em função da controvérsia, o cientista ficou #xatiado, pediu desculpas e chorou. No meio de uma reunião da ESA transmitida ao vivo para todo o mundo.
Em resumo, uma festa estranha com gente esquisita (e música ruim).
Depois de 56 horas no solo do 67P / Churyumov-Gerasimenko, o Philae ficou sem baterias e parou de funcionar hoje, no meio da tarde. A ESA espera que quando o cometa se aproximar do sol, o robô consiga captar energia suficiente para voltar à ativa.
Para acompanhar as aventuras desse robozinho animado e toda sua galera, siga o Philae no twitter: https://twitter.com/Philae2014.