A amizade entre meninas já foi fonte inspiradora de muitas obras de literatura, cinema e TV por suas características específicas e particularidades. Atualmente, porém, o volume de conversas entre garotas fez alguns estudiosos do comportamento humano se perguntarem: quanto de conversa seria demasiado?
Algumas pesquisas descobriram que conversas excessivas sobre problemas podem contribuir para outros distúrbios emocionais, como ansiedade e depressão.
Os pesquisadores batizaram de co-ruminação a freqüente ou obsessiva discussão sobre o mesmo problema. Um comportamento comum entre adolescentes, em questões como “Por que ele não ligou?” ou Será que eu devo terminar com ele?”.
Tudo isso foi bastante intensificado com e-mails, mensagens de texto e comunidades como Facebook e Orkut. Segundo os analistas, isso pode gerar uma angústia potencialmente contagiosa.
Para os pesquisadores, o excesso de discussões sobre problemas pode levar as moças muitos passos além da abertura emocional saudável, levando-as a padrões negativos de comportamento. Ao mesmo tempo, co-ruminadores demonstram ser mais próximas, e essa relação íntima pode ajudar na auto-estima.
Segundo Amanda Rose, professora-assistente de ciências psicológicas da Universidade do Missouri, Columbia, as conversas entre garotas ficam melhores quando se alcança um certo nível de apoio e validação.
“Mas elas não estão exatamente ajeitando as coisas, então essa conversa excessiva pode levá-las a se sentirem pior.”
Para a dra. Rose, que publicou artigos sobre co-ruminação, entende que os fatores próprios das descobertas da adolescência, como os primeiros encontros e namoros, além da questão da popularidade, podem ser realmente difíceis de controlar e acarretar a ruminação.
Rose publicou seu primeiro artigo sobre a co-ruminação em 2002, e desde então, contnuou a estudar o caso. No último ano, ela acompanhou 813 meninos e meninas do ensino fundamental e médio por seis meses.
Tessa-Lee Thomas, 13, disse que algumas vezes se sentia mal após conversar sobre seus problemas com amigas.
“Às vezes temos discussões e temos que resolvê-las. Minhas amigas pensam que a outra me fez algum mal, e a situação fica pior do que quando começou.”
Patricia Letayf, 19, do segundo ano da Tufts University, disse que costuma analisar demais situações e acaba perguntando a muitas pessoas diferentes por conselhos no mesmo problema. O que só a deixa mais ansiosa.
“É como se você quisesse resolver o problema, mas o conselho de uma pessoa nunca te satisfaz e isso acaba levando a uma busca constante por mais conselhos. Talvez seja só uma busca por empatia, de querer que alguém se sinta como você.”