Entrevista com Breno Viola
Créditos: gabriel quintão
Hoje o Virgula Inacreditável vai contar uma história “ina” no melhor sentido da palavra. Nada de coisas bizarras, esquisitas ou assustadoras. O protagonista desta matéria é o Breno Viola, um dos atores principais do filme Colegas, que conta a trajetória de três jovens com síndrome de Down embarcando numa viagem em busca de seus sonhos.
Breno tem 31 anos e, além de ator, é faixa preta em judô desde 2002, ou melhor, é o primeiro judoca com Down a conseguir esse feito nas Américas! Ele já participou das Olimpíadas para Deficientes Intelectuais – mundial que aconteceu na Grécia em 2011 –, e terminou em 4º lugar, além de ser bicampeão mundial em sua categoria.
‘Queria comédia leve e divertida, não um filme sobre síndrome de Down’, diz diretor de Colegas
Veja fotos do filme Colegas
“Comecei a fazer judô aos 3 anos. Sempre tive meu irmão mais velho como grande inspiração. Ele também é praticante do esporte. Sou o primeiro down das Américas a conquistar a faixa preta e nunca tive moleza. Na academia, se é para tomar esporro, eu tomo, como qualquer aluno. Sempre fui tratado de igual para igual”, conta em entrevista exclusiva.
Ele explica que nunca teve regalias dentro do esporte e sofreu preconceito uma única vez. “O motorista do ônibus me chamou de doente. Fiquei muito triste na hora, desci, anotei a placa e o número do ônibus e fiz a reclamação. Infelizmente, não deu em nada, mas foi a única vez que sofri preconceito”, lembra, tristonho.
O judoca diz que estudou em escolas comuns até a 8ª série, depois, “quando os estudos começaram a ficar mais puxados”, passou para uma especial.
Ainda dentro do esporte, Breno fez um curso de arbitragem, fator necessário para alcançar o terceiro dan (uma das graduações do judô), e se encantou com a nova possibilidade. Ele pretende se tornar juiz num futuro não muito distante.
Sobre o cinema, ele diz que foi algo quase inesperado em sua vida. Breno já tinha feito teatro (inclusive um musical com Beto Silveira) e uma participação na novela Páginas da Vida da Rede Globo – que retratou o caso da adoção de uma menina com Down -, quando foi escolhido pelo diretor Marcelo Galvão para fazer um teste para o filme Colegas.
“O Marcelo gosta bastante de lutas e me viu em entrevista no Canal Combate, aí foi atrás do meu contato e pediu para eu fazer um teste. Acabou que fui escolhido e meu papel é inspirado no tio dele, que também era down e foi a grande motivação para que ele fizesse o filme”, conta Breno.
No momento em que fala sobre a relação com o diretor, Breno se emociona. Ele, que perdeu o pai em 2011, tem no – agora – amigo o espelho para a figura paterna. “É muito gratificante participar de um filme desses, ter uma equipe tão educada, que trata a gente com tanto amor. Eles viraram minha terceira família. O Marcelo é como um pai para mim, sempre presente nos bons e maus momentos”, diz.
Entre as muitas atividades que desempenha, ele ainda arranja tempo para militar em prol de quem tem síndrome de Down. Ele ajudou a fundar o site Movimento Down e já viajou para vários lugares fazendo palestras e contando sua história. Em março deste ano, inclusive, vai para os EUA contar sua trajetória em um evento da ONU. “Também falo sobre os direitos das pessoas com deficiência, explico como é a síndrome de Down entre outros assuntos”, explica.
Como ninguém é de ferro, claro que sobra um tempo para “as namoradas”. Brincalhão, Breno diz estar vivendo um relacionamento aberto e aproveitando o momento de fama. “Tenho um pacto com a minha namorada, todas as famosas que eu conhecer, posso dar um selinho”, explica.
E o “trato” está sendo levado a sério. A primeira agraciada com um beijo do ator foi Nanda Costa (protagonista da principal novela da TV brasileira atualmente). Os dois estavam participando da gravação do Altas Horas, de Serginho Groisman, quando ele “fisgou” a morena, tudo na base da brincadeira, é claro.
“Também sou fã da Juliana Paes e Sabrina Sato, mas a Juliana Didone (que está no elenco de Colegas) é minha musa”, derrete-se. Breno conta que também admira o trabalho de atores como Rodrigo Santoro, Wagner Moura, Bruno Gagliasso e Rodrigo Lombardi.
Sobre o futuro ele é enfático: “Quero continuar no judô e fazer muitos e muitos outros filmes”. Com toda essa força de vontade e empenho, ninguém duvida que ele vai alcançar tudo o que deseja, não é mesmo?