Uma equipe de cientistas comprovou pela primeira vez em um animal estreitamente relacionado aos humanos que é possível produzir um novo tecido ósseo a partir de células-tronco induzidas das células de pele do próprio animal, conforme um artigo que a revista Cell Reports publica nesta quinta-feira (15).
A pesquisa foi dirigida por Cynthia Dunbar do Instituto do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos, e mostrou, além disso, que há riscos que estas células-tronco pluripotentes induzidas semeiem tumores.
“Podemos desenhar um modelo de experimento com animais para a prova de tratamentos com células-tronco pluripotentes usando o macaco mulatta, um pequeno primata que pode ser encontrado facilmente e cuja fisiologia provou-se ser muito similar à humana”, acrescentou a revista.
Os pesquisadores usaram primeiro uma receita padrão para reprogramar as células de pele retirados dos macacos. Depois, incentivaram estas células para que formassem as primeiras células-tronco pluripotentes e, posteriormente, células que tinham o potencial de atuar, em termos mais específicos, como progenitoras de osso.
Estas células progenitoras de osso foram colocadas em “andaimes” de cerâmica que os cirurgiões já usam em intervenções de reconstrução para encher ou reconstruir o tecido ósseo. O experimento deu resultado: os macacos produziram novo tecido de osso.
Neste estudo, os cientistas usaram células-tronco induzidas pluripotentes denominadas autólogas. A denominação se refere ao fato de que são capazes de produzir qualquer tipo de tecido a partir de células retiradas do mesmo indivíduo que depois as recebe.
Isto significa que o uso destas células na reparação de tecidos não requereria remédios em longo prazo, possivelmente tóxicos, para a supressão da imunidade. Estes remédios são usados para evitar a rejeição do tecido novo pelo organismo.
Embora o modelo de experimento tenha demonstrado que se produz a formação de tumores, chamados teratomas, a partir das células-tronco pluripotentes induzidas, neste caso os pesquisadores informaram que não tinham se desenvolvido estruturas de teratomas nos macacos que receberam as células-tronco.
O artigo assinala que os tratamentos que se apoiam neste enfoque poderiam beneficiar particularmente às doenças graves acompanhadas por deficiências ósseas congênitas ou as que sofreram lesões traumáticas graves.
Os pesquisadores apontaram que é pouco provável que se usem os tratamentos com células-tronco nas operações de substituição de osso nos humanos dado que a condição não representa uma ameaça para a vida.
Mas, de todo modo, a conclusão dos experimentos com primatas é um passo essencial no caminho rumo à medicina regenerativa clínica, afirmou a revista.