Um grupo de cientistas decifrou o código genético de uma espécie de fermento utilizada na elaboração da cerveja loira encontrada na Patagônia (Argentina), que ajuda a solucionar um dos mistérios da fermentação desta bebida.

O estudo foi realizado em uma zona florestal do noroeste da Patagônia e finalmente resolveu o “mistério” do fermento com a qual durante mais de cinco séculos os produtores europeus da Baviera elaboraram a cerveja.

Sabia-se que as cervejas do tipo lager – de baixa fermentação – eram elaboradas a partir de um fermento híbrido, com metade de seus genes procedentes de um fermento comum e a outra metade procedente de uma espécie desconhecida, que acaba de ser descoberta por uma equipe de pesquisadores da Argentina, Portugal e Estados Unidos.

Utilizando técnicas moleculares, os professores José Sampaio e Paula Gonçalves da Universidade Nova de Lisboa averiguaram mais de mil espécies de fermento utilizadas pelos produtores europeus de cerveja, mas não tiveram êxito e decidiram ampliar a pesquisa para o mundo todo.

A Patagônia é o lar natural de muitas espécies de fermento e junto com o pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Argentina), Diego Libkind, encontraram as cepas de uma espécie candidata.

Uma vez recolhidas as mostras, cientistas da Universidade de Colorado sequenciaram o genoma da cepa encontrando uma semelhança de 99,5% com a utilizada para fazer a cerveja.

Os autores batizaram sua descoberta como Saccharomyces pastorianus, uma espécie tolerante ao frio e que provavelmente fora transferida à Europa involuntariamente na madeira de algum navio ou pela intervenção da Mosca-das-Frutas.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), indica que tais descobertam poderiam ajudar a criar versões melhoradas dos fermentos usados na elaboração da cerveja.


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Cientistas descobrem mistério do fermento da cerveja

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