Cientistas australianos e americanos conseguiram reverter o envelhecimento muscular nos ratos e esperam poder realizar testes clínicos com seres humanos no final de 2014, informou nesta sexta-feira a imprensa australiana.
A equipe liderada por David Sinclair, da Universidade de Nova Gales do Sul (Austrália) e que realizou esta pesquisa na Faculdade de Medicina de Harvard (EUA), desenvolveu um composto que poderia, eventualmente, conseguir que um ser humano de 60 anos se sinta como um de 20.
No laboratório, este composto químico forneceu uma maior energia aos ratos, deu tonicidade aos músculos dos roedores, reduziu suas inflamações e melhorou significativamente sua resistência à insulina.
“Estudei o envelhecimento em nível molecular por quase 20 anos e nunca pensei que veria que o envelhecimento pudesse ser revertido. Pensava que teria sorte se o desacelerasse um pouco”, disse Sinclair à emissora australiana “ABC”.
Os pesquisadores também analisaram em ratos idosos doenças como o diabetes, a atrofia e enfraquecimento muscular, e inflamações que podem ser o estopim de doenças como a artrite.
O estudo abre caminho para novos tratamentos contra doenças vinculadas ao envelhecimento como o câncer, o diabetes tipo 2, assim como doenças inflamatórias e deterioração dos músculos.
“Todos esses aspectos do envelhecimento foram revertidos em uma semana e isso representa um resultado arrasador”, disse o especialista, explicando que sua equipe conseguiu identificar uma nova causa do envelhecimento particularmente prevalente nos músculos, entre eles o coração.
Na pesquisa publicada na revista “Cell”, Sinclair e sua equipe localizaram esta causa na comunicação entre os cromossomos do DNA do núcleo da célula e os do DNA das mitocôndrias, encarregadas de fornecer a maior parte da energia necessária para a atividade celular.
“O que descobrimos é que no processo de envelhecimento estes cromossomos não se comunicam entre si”, disse Sinclair.
Os pesquisadores combateram este efeito com uma molécula que elevou nos ratos os níveis de nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD).
A NAD, que se mantém em níveis altos em idade jovem com uma dieta adequada e exercícios, diminui com o envelhecimento, como foi o caso dos ratos, em até 50%.
A equipe de Sinclair espera realizar testes clínicos em humanos no final do próximo ano, mas desconhecem quando este componente poderia estar à disposição do público.