Mais de 600 mulheres dominam a população de Noiva do Cordeiro, Minas Gerais – a maioria está na faixa de idade entre 20 e 35 anos. A cidade inclusive ganhou destaque na imprensa internacional.
O que acontece, na verdade, é que quase todos os homens que nascem e até vivem em Noiva do Cordeiro vão ganhar a vida nas cidades maiores ao redor. Dessa forma, a mulherada fica no campo cuidando da lavoura para consumo próprio da comunidade e para comercialização.
A história da comunidade explica como Noiva do Cordeiro virou uma cidade dominada pelas mulheres: o vilarejo começou a se formar em 1890, quando uma jovem acusada de adultério e sua família foram excomungados pela igreja católica e não foram obrigados a deixar a cidade em que viviam.
Pouco a pouco mais mulheres solteiras foram chegando ao vilarejo. Ou seja, o vilarejo se formou exclusivamente por mulheres e é natural que as mulheres sejam a grande maioria até hoje.
E se você acha que elas precisam dos homens para alguma coisa, você se engana completamente. Elas fazem, e muito bem, todo o serviço pesado da lavoura, organizam a cidade e comandam a vida religiosa.
Mas não vamos dizer que os homens não tem importância nenhuma. Para o jornal britânico The Mirror, Nelma Fernandes disse que é impossível achar um bom pretendente. “Aqui, os únicos homens que nós conhecemos ou são casados ou são parentes, todo mundo é primo aqui. Faz muito tempo que não beijo ninguém”, disse a jovem de 23 anos. “Todas nós sonhamos em nos apaixonar e nos casar. Mas nós gostamos de viver aqui e não queremos sair da cidade para achar um marido”, completa.
E tem mais: o homem que quiser se candidatar a pretendente tem que saber que vai viver sob o comando das mulheres. Elas procuram alguém que queira largar a vida deles para se tornar parte da comunidade, ou seja, viver conforme as mulheres vivem há mais de um século naquela comunidade.
A última experiência com homens que elas tiveram foi bastante ruim. Em 1940, um pastor evangélico chegou na cidade e se casou com uma moça de 16 anos e fundou uma igreja por lá. Em seguida ele impôs regras totalmente puritanas como proibir o consumo de álcool, ouvir música, cortar o cabelo e usar qualquer tipo de contraceptivo.
Quando ele morreu, as mulheres decidiram nunca mais deixar um homem ditar como elas deveriam viver. Uma das primeiras coisas que elas fizeram foi desmantelar o sistema da igreja para dar o poder à elas mesmas. “Nós temos Deus em nosso corações. Mas nós não achamos que precisamos ir à igreja, nos casar em frente a um padre ou batizar nossas crianças. Essas regras foram feitas por homens”, diz Rosalee Fernandes, 49 anos.
Solteiras sim, sozinhas nunca.