Um Tribunal de Pequim condenou neste domingo (26) Xu Zhiyong, fundador do movimento civil “Novo Cidadão” que pede transparência ao Governo, a 4 anos de prisão por “alteração da ordem pública”. A sentença, anunciada pelo Tribunal Intermediário Número 1 de Pequim, chega depois do julgamento realizado na quarta-feira contra Xu, no qual o ativista guardou silêncio como protesto pelas condições nas quais aconteceu a audiência, para a qual não lhe deixaram convocar as testemunhas que ele pedia e que aconteceu a portas fechadas e sob um forte controle policial.
O julgamento de Xu é um dos processos contra dissidentes mais importantes realizados na China há anos e evidência dois pesos e duas medidas do Governo chinês que, enquanto lançou uma campanha contra a corrupção “a todos os níveis”, deteve e processou dezenas de membros deste grupo cidadão que lhe pede transparência para acabar com estas más práticas.
“Isto destrói o que restava de dignidade do sistema legal chinês”, disse Xu ao ouvir a conclusão dos juízes, a quem alfinetou: “Sua responsabilidade é ser fiel à lei?”
Como no dia do julgamento, fortes medidas de segurança rodeavam a corte em Pequim desde o começo da manhã, segundo pôde constatar a Agência Efe.
A imprensa não pôde hoje também não se aproximar da sede da Justiça nem trabalhar com liberdade nos arredores da mesma, já que toda a área está isolada e vigiada por policiais e agentes à paisana, que detêm os jornalistas.
Xu, advogado de profissão de 40 anos e professor da Universidade de Telecomunicações de Pequim, foi detido formalmente em julho de 2013 após se submeter a uma detenção domiciliar.
O ativista mais famoso acusado nos últimos cinco anos no país era um dos analistas legais adulados pelo regime comunista até que fundou o “Novo Cidadão” em 2012, que pede ao Governo chinês mais transparência e que aplique a Constituição.
Além de Xu, na quinta-feira foram julgados outros dois ativistas do movimento, Zhao Zhangqing e Hou Xin, em processos realizados também sob um estrito controle policial e entre denúncias de irregularidades por parte de seus advogados.
Outro acusado no caso, o milionário chinês Wang Gongquan, cofundador do movimento, foi posto em liberdade pagando uma fiança após admitir sua culpabilidade e assegurar que romperá seus vínculos com Xu, segundo o Tribunal Intermediário Número Um de Pequim.
Diversas organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), denunciaram a falta de tolerância do presidente Xi Jinping em relação a estes casos, e as ilegalidades cometidas nos processos, que consideraram julgamentos “políticos”.
Como expressou Xu em sua apresentação do movimento, o “Novo Cidadão” não quer “ganhar poder, mas restringi-lo” e fazer cumprir a Constituição chinesa, garantindo os direitos dos cidadãos amparados na regulação.