Os casais apaixonados de Aceh terão de se encontrar às escondidas ou em qualquer outro lugar da Indonésia nesta terça-feira (14) para comemorar o Valentine’s Day, equivalente ao Dia dos Namorados no Brasil, já que a data foi declarada “haram” (proibido) pelas autoridades islâmicas dessa província.

O típico jantar de namorados, com rosas vermelhas, carícias e as surpresas românticas não terão espaço em Aceh, a região mais conservadora da Indonésia, na ilha de Sumatra.

Há uma década, a “sharia” (lei islâmica) rege esse antigo sultanato. Desde então, todos os anos, centenas de pessoas são condenadas pelos tribunais islâmicos por infrações morais e castigos físicos, uma medida contra a promiscuidade, o adultério e os modismos estrangeiros.

 

Os guardas da moral fiscalizam ruas e praças, revistam os locais mais isolados e as praias para impor a decência entre a juventude, principalmente no Dia dos Namorados.

São proibidas as demonstrações de afeto públicas, que um homem e uma mulher se sentem juntos e passeiem de mãos dadas, além do consumo de bebidas alcoólicas, apostas e vestidos provocativos.

“O Dia dos Namorados é associado a expressões desregradas de amor e sexo entre pessoas solteiras e isso é proibido no islã”, defendeu Muslim Ibrahim, principal responsável do Conselho Consultivo dos Ulemás de Aceh.

Ibrahim pediu aos muçulmanos que “não imitem as atitudes dos outros, já que o islã tem seus próprios costumes e celebrações”.

A severa posição dos ulemás recebeu amplo apoio das autoridades políticas da província, que proibiram essa festividade que reproduz cegamente os hábitos do Ocidente.

“Decidimos vetar a comemoração do Valentine’s Day porque a data não celebra o amor do jeito que gostaríamos”, afirmou um porta-voz da Prefeitura de Aceh, a capital da província.

As mesquitas e as escolas instruirão às pessoas sobre a origem cristã da data para que todos saibam as razões pelas quais os muçulmanos não devem comemorá-la.

Conforme a lenda, São Valentim foi um sacerdote mártir que celebrava secretamente casamentos de jovens apaixonados no século 3, embora se desconheça se realmente existiu e quem era.

Em outras regiões da Indonésia, a data é legal e estimulada pelos comerciantes. Os hotéis oferecem suítes para noites especiais, os shoppings fazem promoções para conquistar os casais e os cinemas contam com ofertas para os pombinhos.

Nos últimos dias, no entanto, ocorreram protestos similares aos de Aceh em outras partes do arquipélago. Em Sukabumi, uma localidade do oeste da ilha de Java, dezenas de integrantes de movimentos islâmicos criticaram a celebração e pediram ao Governo local a proibição.

“Essa tradição dá aos solteiros uma desculpa para participarem de atividades que violam a moralidade e destroem a religião e a sociedade”, denunciou Dadun Abdul, um dos manifestantes.

Abdul pediu ao Executivo que desestimule os que festejam o Valentine’s Day e inclusive a lançar um protesto em forma de oração na mesma data.

No entanto, a influência da religião diminui principalmente entre a juventude das grandes cidades, que veem o Dia dos Namorados como “uma oportunidade para imitar as cenas dos filmes românticos de Hollywood“, afirmou Krishna Trinayo, uma estudante de Jacarta.

A jovem admitiu que celebra a data com amigos, embora reconheça que “interfera na religião, não o faria”. 


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Casais são proibidos de comemorar Valentine's Day na Indonésia

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