Os grandes asteróides são uma ameaça cada vez maior para a Terra, por isso será preciso investir mais no estudo destes corpos celestes, que até agora não estavam no centro das investigações espaciais, afirmou nesta terça-feira (26) o cientista Yuri Zaitsev, da Academia de Engenharia da Rússia, em uma entrevista à agência “Interfax“.
“Os asteróides nunca ocuparam um lugar central na astronomia nem nas investigações espaciais”, disse Zaitsev. O cientista russo explicou que este baixo investimento ocorre pois se pensava que a probabilidade de um asteróide se chocar com a Terra era ínfima, portanto não fazia sentido gastar um volume muito grande de recursos para neutralizar uma ameaça tão improvável.
“Acho que após o que ocorreu em Chelyabinsk este enfoque será revisado. Se o asteróide de Chelyabinsk tivesse explodido mais próximo da cidade, o desastre na usina nuclear de Chernobyl não nos pareceria tão grave”, alertou Zaitsev.
O acadêmico se referia ao meteorito que em 15 de fevereiro se desintegrou na atmosfera e provocou uma chuva de meteoritos nas imediações desta cidade russa, o que deixou mais de mil pessoas feridas, a maioria pela quebra de vidros e janelas.
Záitsev acrescentou que o perigo que representam os asteróides começou a ser considerado após a descoberta do Apophis, que de acordo com os cálculos dos cientistas passará a cerca de 40.000 quilômetros da Terra em 2029.
É nesta distância que se localizam as órbitas da maioria dos satélites de telecomunicações. “Não se descarta que a gravidade terrestre afete a trajetória do Apophis, por isso se poderia esperar que em 2036 ele passe mais próximo da Terra, e inclusive se choque com nosso planeta”, acrescentou.
O cientista disse que as consequências da colisão serão muito mais graves que as do meteorito de Tunguska, que caiu na Sibéria em 1908 e destruiu milhões de árvores em uma área de mais de 2.000 quilômetros quadrados. No entanto, afirmou que o impacto “seguramente não teria caráter global”.
Em sua opinião, para que o choque de um asteróide contra a Terra seja uma catástrofe mundial, o corpo celeste teria que ter em sua parte mais larga mais de um quilômetro, enquanto o Aponhis mede cerca de 325 metros.
“A Terra teve sorte com as rochas celestiais”, disse Zaitsev. O cientista lembrou que a superfície da Lua, Marte e Mercúrio está coberta de crateras deixadas por meteoros.
Zaitsev acrescentou que Júpiter, por sua grande massa, recebe um grande número de asteróides, e que a atmosfera terrestre é uma boa defesa, mas só contra corpos relativamente pequenos.
“Mas não há garantias de segurança”, sustentou o cientista, para quem a Terra entrou em uma espécie de rastro de grandes corpos celestes.
O cientista explicou que na última década foram descobertos mais asteróides do que nos dois séculos anteriores, e que anualmente se detectam mais de mil novos corpos.
“Os choques são inevitáveis. A pergunta é: quando ocorrerão?”, concluiu.