Uma equipe de arqueólogos chineses descobriu uma série de objetos com cerca de 5.000 anos de antiguidade, no leste do país, que contam com algumas das mostras de escrita humana mais antigas conhecidas até hoje.

Segundo publica nesta quinta-feira (11) o jornal oficial “Shanghai Daily“, as inscrições por enquanto só foram vistas por especialistas chineses, que se dividem entre os que acham que são palavras e os que pensam que se trata de algo mais simples, embora algumas das marcas gravadas em restos de machados se parecem com caracteres chineses.

Por enquanto eles concordam que seu estudo poderia lançar nova luz sobre as origens da cultura e da língua chinesa, que poderia aparecer agora, se for confirmado que esses traços são escrita chinesa, quase tão antiga como as primeiras inscrições humanas conservadas, as mesopotâmicas de mais de 5.000 anos.

As inscrições descobertas agora estão em mais de 200 objetos que foram desenterrados da jazida neolítica de Liangzhu, nas proximidades de Hangzhou, capital da província oriental chinesa de Zhejiang.

As peças achadas com inscrições são parte dos milhares de fragmentos de cerâmica, pedra, jade, madeira, marfim e osso recuperados da jazida entre 2003 e 2006, explicou seu arqueólogo chefe, Xu Xinmin.

Um grupo de acadêmicos, arqueólogos e especialistas em escrita chinesa antiga se reuniram no último fim de semana para compartilhar suas impressões sobre a descoberta, e concluíram que a descoberta por enquanto não é suficiente para demonstrar a existência naquela cultura de um sistema de escrita desenvolvido.

Xu diz que ficou sim demonstrado que se trata de palavras em dois dos casos, duas peças de um machado de pedra quebrado, uma das quais mostra alguns traços similares a seis letras ou seis caracteres, o que poderia ser uma frase curta.

“São diferentes dos símbolos que tínhamos visto no passado em outros artefatos”, assegurou: “as formas e o fato de que estejam em um padrão para formar uma frase, indicam que são expressões de algum tipo”.

Os seis possíveis caracteres antigos estão ordenados em linha, e três deles se parecem à simples grafia atual chinesa “ren”, que representa o ser humano, de modo que cada um destes supostos ideogramas é formado por entre dois e cinco traços.

“Se entre cinco ou seis deles estão postos juntos como em uma frase, então já não são símbolos, mas palavras”, concorda com Xu, taxativo, o acadêmico Cao Jinyan, especialista em escrita antiga da Universidade de Zhejiang, que assegura que as inscrições devem ser consideradas hieróglifos.

Cao explicou também que aparecem no machado formas solitárias com mais traços, por isso que no caso da possível frase, “se você se fixar na composição, se vê que são mais do que símbolos”.

Contudo, especialistas como o arqueólogo Liu Zhao, da famosa Universidade de Fudan, na vizinha Xangai, asseguram que os materiais disponíveis não são suficientes para chegar a nenhuma conclusão científica.

“Não acho que devam ser considerados escrita em sua definição mais estrita”, opinou, acrescentando: “Não temos material suficiente para deduzir o estado (dentro da evolução) dessas inscrições na história da escrita antiga”.


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Arqueólogos chineses descobrem uma das inscrições mais antigas conhecidas

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