Cientistas do Japão identificaram uma molécula, com aroma cítrico, nos feromônios do bode que afeta o cérebro das cabras e ativam seu sistema reprodutivo, conforme um artigo publicado nesta quinta-feira (27) na revista científica “Cell”.
A pesquisa, liderada por Ken Murata do Laboratório de Etologia Veterinária na Universidade de Tóquio é, segundo os autores, a primeira a descobrir feromônios que ativam o eixo reprodutivo central nos animais.
Apesar de o trabalho ter sido realizado com bodes, os cientistas acreditam que há razões para deduzir que se aplique a outros animais domésticos e, talvez, aos humanos, já que a estrutura do centro reprodutivo do cérebro se conserva em alto grau entre os mamíferos.
Em muitos mamíferos, especialmente carnívoros, como os felinos e canídeos, os feromônios que atuam sobre os mecanismos reprodutivos estão na urina. Daí vem o comportamento de marcar território típico dos machos e fêmeas de cachorros, leões, lobos e tigres.
Os feromônios ativadores são os que iniciam os processos fisiológicos de longo prazo envolvidos na ovulação e na reprodução, ao contrário dos comportamentos sexuais mais imediatos induzidos pelos feromônios libertadores. Murata e seus colegas centraram a atenção nos componentes dessa essência masculina e, particularmente, na fração neutra que permanecia inexplorada.
“Vimos que os feromônios do bode se sintetizam, principalmente, na cabeça dos animais e o colhemos usando um ‘boné’ especial que contém um absorvente de gás”, relata Murata.
Para o estudo, os pesquisadores coletaram compostos voláteis de bode castrados e não castrados por uma semana.
“Identificamos uma molécula de feromônios ativadores que pode ser responsável pelo ‘efeito masculino’ entre os ruminantes”, explica Murata
“O descobrimento abre um novo caminho para uma compreensão mais profunda da regulação da reprodução, dependente dos feromônios, entre os mamíferos e o desenvolvimento de tecnologias novas e mais naturais para aumentar a eficiência reprodutiva do gado, que é importante economicamente no mundo todo”, concluiu o artigo.