Um jornalista militar soviético, Yuri Gavrílov, foi o primeiro a apelidar como “Dama de Ferro” a ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, morta nesta segunda-feira (08) por um derrame.
Segundo a imprensa russa, o jornal militar soviético “Krásnaya Zvezda” (Estrela Vermelha) publicou em 24 de janeiro de 1976 um artigo intitulado “A Dama de Ferro” assinado por Gavrílov.
O capitão soviético respondeu assim às declarações feitas dias antes por Thatcher em que a governante acusava a União Soviética de tentar dominar o mundo.
O jornalista, agora um coronel retirado, reconheceu que lhe ocorreu comparar a então líder da oposição britânica ao lendário chanceler alemão, Otto Von Bismarck, por sua personalidade rígida.
A princípio, o jornalista escreveu “A Chanceler de Ferro”, mas em seguida, por se tratar de uma mulher, decidiu trocá-lo por “A Dama de Ferro”.
O artigo do “Krasnaya Zvezda” foi citado posteriormente pelo veículo britânico “Sunday Times” que traduziu o apelido como “The Iron Lady”.
A antonomásia não incomodou Thatcher, e seus assessores não pensaram duas vezes ao utilizá-lo durante a campanha eleitoral de 1979: “A Grã-Bretanha precisa de uma Dama de Ferro”.
Curiosamente, a dirigente disse em sua biografia que foi a agência de notícias soviética, “Tass”, que projetou o apelido, mas essa havia pegado emprestada a ideia de “Krasnaya Zvezda”.
Thatcher se transformaria, uma vez eleita em maio de 1979, em uma dos principais críticos da URSS.
Segundo Ivan Mélnikov, vice-presidente do Partido Comunista da Rússia (PCR), Thatcher “teve um papel muito importante na desintegração da URSS”.
O político comunista disse à agência “Interfax” que um dos projetos políticos mais bem-sucedidos na carreira da líder conservadora britânica foi “a sedução política de (Mikhail) Gorbachev”.