Um serviço de aluguel de cachorros por semana, dias e inclusive horas está ficando popular entre os trabalhadores da Coreia do Sul, cujas extensas jornadas de trabalho os impedem de cuidar de seus animais de forma permanente.
Conheça Digby Van Winkle, o cachorrinho mais estiloso do Instagram
Gatinhos são flagrados no momento em que estão ‘aprontando’; veja fotos
“O negócio de aluguel de cachorros serve para alegrar pessoas solitárias, sobretudo na Coreia do Sul, onde há cerca de cinco milhões de cidadãos que vivem sozinhos”, comentou à “Agência Efe” Park Jung-hwan, dono e fundador da loja de aluguel de animais de estimação Domino World.
Alugar um cachorro de companhia por uma semana inteira custa 70 mil wons (R$ 125), enquanto três dias saem pelo preço de 50 mil wons (R$ 90).
No entanto, para aqueles que vivem realmente ocupados na fatigada Seul existe a possibilidade de passar intervalos de tempos mais curtos com um brincalhão yorkshire terrier ou um carinhoso cocker por 10 mil wons (R$ 20) por hora, disse Park, que afirma estar cada vez mais ocupado pelo aumento das solicitações de serviços.
Entre os clientes deste peculiar serviço se encontram jovens que desejam dar um original e temporário presente aos seus parceiros, produtoras que necessitam de um cachorro para gravar um anúncio, um capítulo de uma série ou inclusive um filme e, certamente, os sempre apressados trabalhadores de Seul.
Entre as economias avançadas, a Coreia do Sul é, após o México, o país no qual os empregados passam mais tempo em seus trabalhos, com uma média de 44 horas por semana e apenas 14 dias de férias por ano, segundo dados de 2011 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).
O serviço de aluguel de cachorros também está ganhando popularidade entre os estrangeiros residentes no país, já que muitos estudam ou trabalham no país por um tempo limitado e, portanto, apesar de seu amor pelos animais, descartam ter a responsabilidade de cuidar de um animal de estimação.
“Aluguei um cachorro para o tempo em que permanecerei aqui, já que me sinto muito menos só”, comentou um estrangeiro de 29 anos que trabalha como professor de inglês no país asiático.
Não faltam, no entanto, vozes críticas ao aluguel temporário de caninos que, em geral, alegam que mudar de casa e de dono em poucos dias ou semanas afeta negativamente o desenvolvimento psicológico destes animais, fiéis por natureza.
“Quando a criança experimenta contínuas mudanças de residência em um curto prazo de tempo sofre estresse e ansiedade e se mostra incapaz de adaptar-se aos novos locais. O mesmo acontece com os cachorros”, disse à Efe Seo Bora-mi, porta-voz do grupo sul-coreano de defesa dos direitos dos animais KARA.
Seo, formada em comportamento animal pela Universidade de Sheffield (Reino Unido), afirma que é difícil captar logo de início a infelicidade dos animais, mas ressalta que em casos extremos podem desenvolver hábitos irregulares como “latidos constantes ou incapacidade de controlar suas necessidades fisiológicas”.
O dono do Domino World, no entanto, rebate que em seu estabelecimento cada um dos cachorros é tão feliz como os “proprietários” durante as horas ou dias nos quais desfrutam de uma companhia, já que “os cachorros sempre estão felizes com as pessoas, mesmo não sendo seus donos permanentes”.
“A quem critica esta atividade, eu gostaria perguntar se não acham que aqui o verdadeiro abuso é comer cachorro”, protestou Park, em referência ao habitual consumo na Coreia do Sul de “kaegogi” ou carne de cachorro, presente em vários restaurantes e mercados tradicionais do país.