São diversos os fatores que podem levar às alterações de humor. Desde situações cotidianas que deixam a pessoa estressada e nervosa até doenças que precisam ser tratadas por um profissional. A depressão é uma das piores doenças, pois pode até deixar a pessoa debilitada mental e fisicamente por um tempo. Mas, apesar disso, ela tem cura e, em muitos casos, o tratamento deixa de ser apenas com psicólogos, para se tornar um caso a ser resolvido com a ajuda de um psiquiatra.
É comum as pessoas ficarem com uma baixa estima, chorarem muito por qualquer motivo (isso se ele realmente existir) e ficarem sem vontade de se relacionar com outras pessoas. Mas se esse quadro se estender por um longo período de tempo, é preciso procurar ajuda. Segundo Eliete Maria Massara de Almeida Bispo, psicoterapeuta especializada em criança e adolescente, qualquer comportamento diferente do que a pessoa costuma apresentar, seja agressividade, choro sem motivo e até mesmo insônia, pode ser uma justificativa para buscar ajuda.
A auditora financeira Patrícia Lacerda conta que aos 30 anos (hoje ela tem 34) entrou em depressão, apesar de ser uma pessoa alegre e otimista. Comecei com depressão profunda, pânico, mania de perseguição, falta de vontade, a auto-estima não fazia mais parte da minha vida. Além da depressão, ela ouvia vozes e sofria com diferentes sensações. A partir daí ela foi diagnosticada como bipolar e iniciou o tratamento químico. Com alternadas crises, Patrícia chegou a ser internada: Fiquei 22 dias em um hospital psiquiátrico, tomei tudo quanto era medicamento, anti-depressivos, anti-psicótico e até os famosos sossega leão.
Eliete Bispo acredita que a área infantil é a mais difícil, pois há muita exigência. A criança chora, não quer ir à escola, nem estar com os amigos. Mas ela também aponta a parte genética como uma das causas da depressão, visto que até um bebezinho pode sofrer dessa doença. Ela conta que é possível ver casos de depressão infantil principalmente em orfanatos, porque são crianças que não têm muito contato com uma figura que cuide delas a todo momento e, com o tempo, algumas se tornam apáticas. Já na adolescência, pode se dar por conta dos hormônios e da mudança corporal. Segundo a psicoterapeuta, meninas têm mais depressão que meninos, principalmente entre 13 e 14 anos, que é a fase mais difícil. Porém, o mais comum é que a doença apareça por volta dos 30 ou 40 anos.
Segundo Fábio José Beites, psiquiatra da clínica Espaço Vida, a depressão pode ser diferenciada pela intensidade (leve, moderada e grave) e quanto aos diferentes tipos (depressão psicótica, por exemplo). Mas a doença não pode ser confundida com um baixo astral passageiro, já que não pode ser superada apenas com força de vontade e pensamentos positivos. Inclusive há uma estimativa de que 70% dos suicídios ocorrem em decorrência de uma fase depressiva, principalmente por pacientes que apresentam a depressão psicótica, caracterizada por delírios e alucinações.
O psiquiatra também aponta o transtorno bipolar do humor como uma das doenças mais graves. O transtorno é caracterizado por quadros alternados de depressão e euforia: a depressão apresenta-se com grave intensidade, mas quando o quadro se inverte, a pessoa passa a falar mais do que o normal, fica com insônia e se sente onipotente, chegando a gastar altas quantias em dinheiro desnecessariamente. Os períodos opostos podem durar semanas, meses ou anos. No caso de Patrícia Lacerda, a última crise foi em 2005. Este ano comemoro três anos sem crise, sem medicamentos, sem internação, diz.
A alteração de humor também pode acontecer em casos mais simples como, por exemplo, na TPM. Nesse período difícil para as mulheres é comum que a queda de níveis hormonais afete a esfera biológica, psicológica e social. A mulher fica irritada, depressiva, ansiosa, com dores de cabeça e nas mamas, inchaço, além de ter mais apetite que o normal.
Fábio Beites faz um alerta sobre os males dos vícios para o nosso organismo: As conseqüências negativas de quaisquer compulsões, sejam por álcool, cocaína ou jogos de azar podem favorecer o surgimento de episódios depressivos ou piorar um já existente. Além disso, o uso de substâncias como a cocaína pode diretamente provocar sintomas depressivos.
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