A notícia de que o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sofre de um câncer de laringe causou um impacto na América Latina neste sábado, uma região onde diversas modalidades desta doença atingiram os líderes políticos nos últimos tempos.
Lula, que deixou o poder no início do ano com uma popularidade recorde de 87% e completou 66 anos na quinta-feira (27), deve realizar tratamento de quimioterapia, como divulgado em nota pelo Hospital Sírio-Libanês.
Os dirigentes brasileiros são justamente os mais afetados pela doença. A atual presidente, Dilma Rousseff, foi diagnosticada com câncer linfático em 2009, quando era ministra no Governo de Lula, o que não a impediu de concorrer para o cargo, após ser tratada no mesmo hospital que seu antecessor em São Paulo.
Os especialistas dizem que a presidente já está curada, mas em maio ela sofreu de pneumonia, teve que ficar de repouso e cancelar várias atividades oficiais.
Outro colaborador de Lula, José Alencar, vice-presidente durante seus 8 anos de mandato, morreu em 29 de março após combater durante mais de uma década um agressivo câncer abdominal, que lhe obrigou a passar 17 vezes pela sala de cirurgia.
Entretanto, o caso que trouxe mais comoção na América Latina e no mundo em geral, pelas conotações políticas que possui e o mistério que o rodeia, é o do governante venezuelano, Hugo Chávez, quem em 30 de junho anunciou em Cuba a retirada de um tumor cancerígeno.
Após quatro sessões de quimioterapia, três em Havana e uma em Caracas, ao retornar de Cuba na última semana ele afirmou que os exames médicos detectaram a ausência células malignas em seu corpo, e que se encontra em uma etapa de “acompanhamento para que a doença não se repita”.
Entretanto, várias especulações surgiram entre opositores, imprensa e médicos. A última foi a entrevista do médico Salvador Navarrete à revista mexicana “Milênio”. Ele disse que tinha sido médico de Chávez e que o líder tem um tumor muito agressivo, por isso sua expectativa de vida poderia ser de até dois anos.
Embora as declarações de Navarrete tenham sido desmentidas pelo próprio Chávez e pela equipe que o trata, muitos ainda duvidam das verdadeiras condições de saúde do governante, que tentará a reeleição no próximo ano.
O haitiano René Préval, que passou o poder a Michel Martelly em maio, também escolheu Cuba para tratar um câncer de próstata, do qual foi operado em 2001, no final de seu primeiro mandato.
Outro governante em exercício a sofrer de câncer é o paraguaio Fernando Lugo, que foi diagnosticado com um tipo linfático em agosto de 2010. Ele foi tratado no Hospital Sírio-Libanês, onde recebeu três sessões de quimioterapia, e completou o tratamento no seu país. Após informar sobre a doença de Lula na Cúpula Ibero-Americana, Lugo pediu a seus colegas que cuidem da saúde.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não pôde estar em junho na Cúpula do Mercosul em Assunção por recomendação de seus médicos após sofrer uma queda durante um ato público.
Cristina, reeleita no domingo para um novo período presidencial, teve várias vezes que suspender atividades por motivos de saúde, como os quadros de hipotensão que sofreu em abril e outubro.
Já o boliviano Evo Morales foi operado em Cochabamba no fim de 2010 de uma tendinite no joelho. Seu colega equatoriano, Rafael Correa, também foi submetido a três operações para curar uma antiga lesão no joelho direito.
É conhecido que o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, se consulta frequentemente em Cuba, o que levantou numerosos rumores de que esteja doente, todos negados pelo Governo.
Em Cuba, Raúl Castro sucedeu Fidel Castro após problemas de saúde deste último, mantidos em “segredo de estado”.
A presidente da Costa Rica, Laura Chinchila, foi operada em 30 de setembro para extrair a vesícula biliar. O colombiano Juan Manuel Santos se submeteu a uma cirurgia ocular, e o mexicano Felipe Calderón sofreu ferimentos em 2008, ao cair de sua bicicleta.
Por último, o líder uruguaio, José Mujica, o segundo mais velho entre os presidentes da América Latina, com 76 anos (Raúl Castro tem 80), sofreu um episódio de estresse em 2010, o que lhe obrigou a cancelar a viagem a uma cúpula UE-América Latina.
Ele também cancelou sua participação na Cúpula Ibero-Americana em Assunção, aparentemente por cansaço acumulado após a recente viagem que realizou por vários países europeus.